O Estado de S. Paulo

GM lançará carro elétrico e aluguel por app em 2018

Automóveis. Segundo presidente da montadora no Mercosul, carro elétrico será importado e programa Maven, agora restrito aos funcionári­os, passará a ter operação comercial; GM lidera vendas no Brasil desde 2015 e deve investir R$ 4,5 bilhões no País até 20

- Fernando Scheller

A GM planeja trazer os primeiros carros elétricos para o País no ano que vem. A montadora deve investir no modelo Bolt, que dificilmen­te custará menos de R$ 100 mil. A empresa também vai iniciar a operação comercial de serviço de locação de veículos por aplicativo.

Líder do mercado brasileiro há dois anos, a americana General Motors deverá trazer ao Brasil em 2018 os primeiros veículos 100% elétricos importados para testar o interesse do consumidor local pela novidade. Além disso, a montadora iniciará a primeira operação comercial do serviço de aluguel de veículos Maven, que já funciona em várias metrópoles norte-americanas. No Brasil, por enquanto, o serviço está restrito aos funcionári­os da empresa e disponível em todas as unidades da GM.

Segundo o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, a intenção da montadora é tentar entender a velocidade da adoção das novidades que a empresa está desenvolve­ndo globalment­e. Ao contrário de outras montadoras, a GM está otimista em relação às possibilid­ades do veículo elétrico no Brasil – globalment­e, a intenção da multinacio­nal americana é ter 20 modelos elétricos até 2023. “É uma mudança que vai acontecer. E tem algumas indústrias que vão perder com a eletrifica­ção”, disse.

Em visita ao País no mês passado, o presidente global da marca Volkswagen, Herbert Diess, adotou posição diferente: embora a alemã esteja correndo para cumprir metas de vendas de carros elétricos na Europa, ele disse acreditar que, no Brasil, a tecnologia não é a melhor opção para reduzir emissões de gás carbônico. Para ele, a legislação, aqui, deveria priorizar o uso do etanol.

A discussão do elétrico versus o etanol é relevante dentro das discussões do Rota 2030, programa que vai substituir o Inovar-Auto e deve estabelece­r novas regras de benefícios tributário­s para montadoras.

A chegada do serviço Maven – que consistirá em “bolsões” de carros que poderão ser alugados via um aplicativo – e o lançamento do elétrico no País (provavelme­nte, o modelo Bolt) poderão ser concomitan­tes, disse Zarlenga. O executivo explicou que, antes de tentar vender o veículo elétrico, a GM poderá locá-lo pelo Maven para testar o interesse do consumidor. O produto tem uma barreira de preço, já que dificilmen­te custaria menos de R$ 100 mil por aqui.

Investimen­tos. Após renovar boa parte de sua linha entre 2013 e 2016 – e de assumir a liderança do mercado –, a General Motors reduziu os lançamento­s em 2017. Para 2018, há a expectativ­a de novidades, como um novo SUV (utilitário leve) – notícia que Zarlenga não quis confirmar. A companhia anunciou investimen­tos de R$ 4,5 bilhões no Brasil até 2020, divididos entre as unidades de São Caetano do Sul (SP), Joinville (SC) e Gravataí (RS).

A recuperaçã­o do mercado brasileiro em 2017 também ajudou a trazer a operação da GM na América do Sul – na qual a participaç­ão do Brasil é superior a 50% – ao primeiro resultado positivo em quase três anos. O lucro da companhia na região foi de US$ 59 milhões no terceiro trimestre de 2017.

A GM trabalha com expansão de até 15% para o mercado brasileiro no ano que vem – caso as expectativ­as mais otimistas da montadora se confirmem, o Brasil venderá 2,6 milhões de veículos em 2018. Neste ano, o presidente da GM disse que a montadora tirou proveito do fato de ter sido mais otimista que a média do mercado – isso permitiu que a empresa preparasse a cadeia de fornecedor­es para a demanda, que deverá ficar em 2,25 milhões de unidades.

De janeiro a novembro de 2017, a GM manteve a liderança isolada do mercado de automóveis e comerciais leves, com 18,13% dos emplacamen­tos, segundo a Federação Nacional da Distribuiç­ão de Veículos Automotore­s (Fenabrave). Em seguida vêm a Fiat, com 13,45%, e a Volkswagen, com 12,52%.

Boa parte do resultado está calcada nas vendas do Ônix, que contabiliz­a 171,1 mil emplacamen­tos até novembro, contra 96,8 mil do HB20 (Hyundai) e 87 mil do Ka (Ford). Apesar de frisar que a GM está tendo bons resultados em segmentos de maior valor agregado, Zarlenga disse que é natural que a liderança de mercado reflita os veículos de entrada. “No Brasil, esses produtos representa­m cerca de 50% do mercado.”

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Lucro. GM, de Zarlenga, teve no terceiro trimestre o primeiro resultado positivo na América do Sul em quase três anos

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