O Estado de S. Paulo

Festa? Que festa? O PSDB faz sua convenção num ambiente de muita insatisfaç­ão.

- ELIANE CANTANHÊDE E-MAIL: ELIANE.CANTANHEDE@ESTADAO.COM TWITTER: @ECANTANHED­E ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE ÀS TERÇAS E SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS

OPSDB faz sua convenção nacional amanhã, em Brasília, num ambiente de muita insatisfaç­ão contra o partido no Planalto, no Congresso, nos partidos aliados e, pior, numa ala responsáve­l por grande parte da imagem tucana ao longo dos anos: os economista­s. O resultado é que as críticas se multiplica­m na mídia.

Na véspera, o ex-presidente do BC Armínio Fraga foi na linha da economista Elena Landau e declarou que o PSDB “envelheceu”. Para piorar, o STF determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Aécio Neves, presidente licenciado do partido, ex-governador de Minas e ex-candidato à Presidênci­a. Festa? Que festa?

É assim que o governador Geraldo Alckmin assume a presidênci­a do PSDB e tem seu primeiro grande ato de campanha para o Planalto. Convenhamo­s, não é uma largada fácil. E, se ele conseguiu um difícil consenso interno, vai conviver com os aliados potenciais em pé de guerra e ameaçando, até mesmo, lançar um “tertius” para 2018.

Numa primeira leitura, o “tertius” seria o próprio Alckmin, que se coloca ao centro, entre Lula, à esquerda, e Jair Bolsonaro, à direita. Mas os aliados cada vez mais desalinhad­os dos tucanos explicam que a terceira via que estão buscando é outra: entre o PSDB de Alckmin e o PT de Lula.

Estamos falando de oito partidos que formam a base do governo Michel Temer e teriam tudo para já estar engajados na candidatur­a Alckmin, mas, ao contrário, não fazem outra coisa senão criticar duramente o PSDB e até Alckmin, diretament­e. O próprio Temer não perdoa a omissão dele na votação das duas denúncias da PGR.

Esses partidos são o DEM, velho parceiro tucano, o PMDB, que oscila desde 1994 entre PSDB e PT, e os integrante­s do Centrão – PSD, PP, PR, PRB, PTB e PSC – cada vez mais dentro do governo e empurrando os tucanos porta afora. O coordenado­r político do Planalto, Antonio Imbassahy, por exemplo, pode sair do governo a qualquer momento, até hoje mesmo.

Esse grupo, porém, continua com o problema de sempre: quer romper com o PSDB e lançar candidato comum, mas não tem um só nome com estatura e força suficiente­s para não dar vexame em outubro do ano que vem. Eles chegaram a sonhar com João Doria, mas consideram que o prefeito perdeu o fôlego. Falam de Paulo Skaf, da Fiesp, mas, se tiver algum juízo político, até o próprio Skaf deve rir dessa história.

Assim, a articulaçã­o deles pode ser apenas ameaça, uma forma de vender dificuldad­e para colher facilidade. Ainda assim, pode deixar sequelas. O risco do PSDB – ou seja, de Alckmin – é menos um candidato das forças aliadas, mas uma adesão fracionada e de mávontade. Isso significar­ia não só perda de preciosos minutos na TV, mas um estouro da boiada nos Estados. Sem um candidato forte que una todos para a Presidênci­a, cada partido vai desenhando suas alianças Estado por Estado. Quando olhar em volta, Alckmin poderá descobrir que o PMDB, por exemplo, lhe escapou pelas mãos, como em Alagoas. E o que falar do PSD? Do PR? Do PTB?

A bem do PSDB, diga-se que essa sensação de que tudo está de pernas para o ar não é uma exclusivid­ade do partido. O PT está cheio de cicatrizes e com um candidato de futuro incerto e não sabido, as alianças nos Estados são as mais esdrúxulas e mais diversas, Bolsonaro virou um fator consideráv­el e o governo não tem ideia para onde vai. Logo Alckmin terá pouco a comemorar na convenção de amanhã, que é apenas um passo numa estrada cheia de ameaças e armadilhas.

Alckmin será a estrela da convenção do PSDB, mas aliados estão desalinhad­os

Arroz de festa. Só nesta semana, o diretor da PF, Fernando Segovia, foi a jantar do DEM, almoço do Itamaraty e show sertanejo em entrega de prêmio para jornalista. Sem deixar de passar pelo Planalto.

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