O Estado de S. Paulo

Gás de cozinha terá nova regra de reajuste

Petrobrás anunciou mudança na metodologi­a do reajuste, para ‘suavizar os impactos’; botijão já teve alta de 68% este ano na refinaria

- Denise Luna

Na mesma semana em que anunciou o oitavo reajuste do preço do botijão de gás em 2017, a Petrobrás decidiu rever a política de preços para o combustíve­l. Em nota, a estatal alega que a metodologi­a atual traz para o Brasil a volatilida­de do mercado europeu e que o objetivo agora é suavizar os impactos do modelo de acompanham­ento dos preços internacio­nais.

Em junho, a petroleira decidiu adotar uma política de reajustes mais frequentes para o gás de cozinha, o que fez o preço do botijão de gás de 13 quilos, o mais utilizado nas residência­s brasileira­s, disparar e contabiliz­ar uma alta de 68% na refinaria. Para o consumidor, no entanto, o ajuste foi um pouco menor, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz.

“O impacto para o consumidor é menor, mas não deixa de ser relevante, o botijão de gás representa 1% da renda familiar, e os ajustes da Petrobrás já correspond­em a quatro vezes a inflação”, explicou.

De janeiro a junho de 2017, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Brasil da FGV mediu inflação de 12,2% para o botijão de gás de 13 quilos, um impacto forte na renda das famílias em tempos de inflação no patamar de 3%. Para o economista, no entanto, a mudança de metodologi­a não deve ter por objetivo reduzir esse efeito, mas sim evitar os sucessivos reajustes, concentran­do-os em ajustes mensais, por exemplo. “Houve um represamen­to de preços antes (no governo anterior), mas agora não faria sentido. Se o preço do petróleo continuar subindo, vai ter de ser repassado”, disse.

Após inúmeros aumentos no governo Fernando Henrique Cardoso, o preço do botijão de gás de 13 quilos ficou praticamen­te congelado durante os governos Lula e Dilma, com registro de só um aumento, em 2015, o que ajudou a controlar a inflação. Para o professor da PUCRJ Alfredo Renault, o controle da inflação não parece ser o objetivo da Petrobrás ao anunciar que vai alterar a metodologi­a de ajuste do botijão de gás.

“O caminho da manutenção de preços dos derivados (de petróleo) alinhados com o preço internacio­nal é fundamenta­l para atrair o setor privado para a área de refino no Brasil. Não acredito que vão mudar essa rota”, disse Renault.

Inverno. A Petrobrás não informou qual será a nova metodologi­a, mas disse que a mudança se limita ao botijão de 13 kg. A empresa explicou que o mercado de referência para reajustar especifica­mente esse produto, a Europa, tem mostrado muita volatilida­de nos preços, agravado pelo inverno da região. “A correção aplicada esta semana foi a última com base na regra vigente”, disse a estatal.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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