Palestinos reagem a Trump; Israel lança ataque a Gaza
Confrontos após presidente dos EUA declarar Jerusalém capital israelense deixam feridos na Cisjordânia
Israelenses e palestinos entraram ontem em confronto, no primeiro dia de protestos contra o reconhecimento, por parte dos EUA, de Jerusalém como capital de Israel. O movimento Hamas convocou uma intifada (revolta popular). Pelo menos 22 palestinos e três soldados israelenses ficaram feridos na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no leste de Jerusalém. Três foguetes foram disparados contra o território de Israel. Um deles atingiu o sul do país. O Exército israelense respondeu bombardeando Gaza. A Rússia declarou estar muito preocupada com a atitude de Trump. O Kremlin pediu às partes envolvidas moderação e diálogo. “Reconhecer Jerusalém como capital pode desestabilizar a região”, afirmou a chancelaria russa. O chanceler britânico, Boris Johnson, disse que a decisão do presidente dos EUA era “prematura” e “pouco útil ao processo de paz”. Em nota, a chancelaria brasileira afirmou que o status de Jerusalém “deverá ser definido em negociações que assegurem o estabelecimento de dois Estados”.
Israelenses e palestinos entraram ontem em confronto no primeiro dia de protestos contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte dos Estados Unidos. O movimento islamista palestino Hamas convocou ontem uma nova revolta palestina contra Israel, conhecida como intifada, palavra árabe para levante. Ao menos 22 palestinos e 3 soldados israelenses ficaram feridos na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no leste de Jerusalém.
Ontem, conforme a tensão crescia em todo território palestino, três foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra o território de Israel. Um deles atingiu o sul do país e dois explodiram na Faixa de Gaza. Não houve relato de vítimas. O Exército israelense respondeu bombardeando dois locais em Gaza. “As Forças de Defesa de Israel responsabilizam o Hamas por esses ataques e responderão a eles”, afirmaram os militares por meio de sua conta no Twitter.
A atual revolta pode ser o começo da terceira intifada, como são conhecidas as revoltas populares de palestinos contra as forças israelenses. A primeira Intifada começou em dezembro de 1987, durou até 1993 e ficou marcada pela imagem de palestinos arremessando paus e pedras contra tropas israelenses. A Segunda Intifada teve início em 2000 e durou até 2005. Liderada pelo grupo palestino Hamas, contou com atentados suicidas e ataques a tiros. Três mil palestinos e mil israelenses morreram. De lá pra cá, houve vários conflitos, mas nenhum movimento coordenado o suficiente para ser chamado de intifada.
Agora, no entanto, o Hamas fez a convocação para o levante. “Só podemos enfrentar a política sionista apoiada pelos EUA com uma nova intifada”, declarou ontem o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um discurso na Faixa de Gaza. “Amanhã (hoje), sexta-feira, 8 de dezembro, será um dia de ira e o começo de uma nova intifada, chamada de libertação de Jerusalém.”
O Hamas controla a Faixa de Gaza, não reconhece a existência do Estado de Israel e é considerado um grupo terrorista pelos EUA. Apesar de ter perdido força regional desde que a Irmandade Muçulmana, sua principal aliada, foi sufocada pelo golpe militar no Egito, em 2013, o Hamas ainda é a principal força política na Faixa de Gaza.
O Hamas é uma das facções da Autoridade Nacional Palestina (ANP), ao lado do moderado Fatah, que controla a Cisjordânia e é liderado por Mahmoud Abbas. Ontem, Abbas viajou para a Jordânia para discutir a crise com o rei Abdullah II, um dos principais líderes regionais do Oriente Médio. Abbas e autoridades da ANP convocaram uma greve geral para hoje.
O grupo libanês Hezbollah também anunciou apoio aos pedidos por um novo levante palestino em resposta à decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital. “Apoiamos o chamado por uma nova intifada palestina e a escalada da resistência, que é a maior, mais importante e mais grave resposta à decisão americana”, disse o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
A declaração do Hezbollah, um grupo xiita apoiado pelo Irã que faz parte do governo do Líbano, é um sinal da extensão da crise provocada pela decisão americana. O Hezbollah tem um Exército fortemente armado, com 100 mil mísseis apontados para o norte de Israel, segundo estimativas do Exército israelense.