DA PRISÃO PARA O ENEM
Oex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pediu ontem que as audiências previstas para os próximos dias 12 e 13 sejam desmarcadas para que ele possa fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicado para pessoas privadas de liberdade. O pedido foi deferido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal. De acordo com o advogado de Cabral, Rodrigo Roca, o ex-governador pretende tentar uma vaga no curso de História.
O defensor ressaltou que, para cada três dias de estudo, o detento terá redução de um dia de pena. A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, também já fez o mesmo pedido.
No fim da audiência de ontem, Cabral também brincou com Bretas sobre a derrota do Flamengo (time do juiz) para o clube argentino Independiente, por 2 a 1, na véspera. Bretas rebateu dizendo que sabia que o ex-governador era vascaíno. Também citou as festas feitas no morro perto de Benfica, na zona norte do Rio, onde fica o presídio em que Cabral está preso.
Ratatouille. A audiência tratou do processo da Operação Ratatouille, que aponta que o empresário Marco de Luca pagou, entre 2007 e 2016, R$ 16,7 milhões em propina a Cabral. O objetivo seria obter benefícios em contratos com o governo do Rio. Foram contabilizados 82 pagamentos mensais aos operadores do ex-governador, Carlos Miranda e Luiz Bezerra, de aproximadamente R$ 200 mil.
Para o Ministério Público Federal (MPF), a continuidade dos pagamentos até a prisão de Cabral, mesmo após ele ter deixado o cargo, demonstra a influência política que o peemedebista ainda exercia sobre a administração.
O ex-governador do Rio negou reiteradamente ter cometido crime de corrupção. Cabral disse que usava recursos de caixa 2 de campanha – também um crime, mas bem mais leve. A tese não sensibilizou o MPF.