Lula diz que Comperj parado é ‘inaceitável’ e critica delações
Complexo é um dos símbolos da corrupção na Petrobrás; petista volta a relacionar Lava Jato à crise no Rio
Diante das obras paradas do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que se transformou em um dos símbolos de corrupção na Petrobrás, em Itaboraí, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “teimou” em ir lá porque queria “fazer uma fotografia”.
Lula estava com o senador Lindbergh Farias e a deputada Benedita da Silva, ambos do PT fluminense, além de militantes do partido. Nenhum deles teve autorização para entrar no Comperj, que estava cercado por policiais.
O PT temia que Lula fosse hostilizado e relacionado a crimes e problemas que envolvem a construção, mas não houve incidentes na visita em meio à caravana no Rio, Estado que foi governado pelo ex-aliado Sérgio Cabral, agora preso e implicado na Lava Jato.
A visita ao complexo petroquímico foi a primeira atividade do segundo dia da caravana pelo Rio dedicado à Baixada Fluminense. Ontem à noite, o ex-presidente participou de um ato em Nova Iguaçu.
“É inaceitável que um País em meio a esta crise econômica e este desemprego deixe parada uma obra dessa magnitude por irresponsabilidade de um governo”, discursou. “Eu vim até aqui para mostrar que isso não é correto”, afirmou, apontando para as instalações fechadas. “Se estivesse produzindo, quantos impostos estariam sendo gerados, quantos empregos? Parada ela (a obra) só dá prejuízo e desespero.”
O ex-presidente voltou a criticar a Lava Jato, dizendo que a operação contribui para a crise no País e no Estado. “O País só fala em corte de gastos e corrupção”, afirmou. “Quem roubou tem de estar preso, mas as empresas não podem fechar.”
Lula, porém, disse em Duque de Caxias não ser contra a Lava Jato – na qual é réu –, mas crítico das delações premiadas. “Não pensem que sou contra a Lava Jato. Prender ladrão é uma necessidade neste País. Todo cara que faz delação é porque roubou. Faz para devolver ao Ministério Público apenas uma pequena parcela do roubo e viver rindo às custas do que roubou”, disse, referindose a ex-executivos da Petrobrás.
Em rede social, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da Lava Jato em Curitiba, rebateu Lula: “Era só o que faltava! Certamente foi a Lava Jato que roubou o Rio. Com certeza também foi ela quem deu um anel de R$ 800 mil. A Lava Jato também é responsável pelas fraudes no Tribunal de Contas”, ironizou.
Fux. O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) elegeu, ontem, o ministro Luiz Fux o novo presidente da Corte Eleitoral. Fux substituirá o atual presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, em fevereiro. O ministro evitou comentar como ficaria a situação jurídica da candidatura de Lula ao Palácio do Planalto, em caso de condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).