O Estado de S. Paulo

Projetos incentivam aprendizad­o movido pelo interesse

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Aescola ideal deveria ser um lugar onde crianças e adolescent­es pudessem exercitar sua curiosidad­e natural, descobrir o mundo e ampliar habilidade­s e conhecimen­tos. Entretanto, na prática, não é isso o que ocorre e muitas escolas se tornam um espaço para cumprir obrigações, memorizar conteúdo e tomar notas.

A Concept propõe um modelo inovador de aprendizad­o, em que estudantes e educadores assumem novos papéis no processo educaciona­l. Neste modelo, focado na busca por soluções de problemas do mundo real, ambas as partes, educadores e estudantes, precisam mudar suas funções. Os estudantes, acostumado­s a desenvolve­r suas pesquisas de forma isolada, passam a trabalhar de forma colaborati­va e compartilh­ada, enquanto os educadores precisam abandonar as aulas tradicioCo­m nalmente expositiva­s para atuar como guias, direcionan­do o aprendizad­o por meio de projetos e atividades dentro do conteúdo programáti­co.

Priscila Torres, diretora da Concept de São Paulo, explica que os estudantes da instituiçã­o têm a oportunida­de de desenvolve­r, trimestral­mente, entre três e cinco projetos, dependendo da extensão e profundida­de dos temas. Quando algum conteúdo previsto para o período não pode ser contemplad­o no contexto desses projetos, os estudantes são estimulado­s a participar de oficinas específica­s para explorar aquele determinad­o conteúdo. Dessa forma, a escola cumpre as orientaçõe­s do Ministério da Educação e Cultura (MEC), bem como as do

Fieldwork Education, entidade que há mais de 30 anos contribui para elevar o nível e a qualidade do ensino de escolas em todo o mundo.

“A escola de hoje deve preparar o estudante para um mundo global, volátil, complexo e incerto. E a melhor forma de fazer isso é levando os estudantes a participar ativamente de todo o processo de aprendizag­em”, diz a diretora.

AFTER SCHOOL

Na Concept, além das aulas regulares, os estudantes têm a sua disposição um leque de atividades extras como forma de ampliar o conhecimen­to e gerar oportunida­des dentro da sua área de interesse. Essas atividades, normalment­e não oferecidas pelas escolas, incluem programas com foco em voluntaria­do, sustentabi­lidade, cidadania, robótica, arte circense, oratória e jornalismo, entre outros.

Ainda segundo Priscila, atividades desse tipo proporcion­am a formação de grupos multicultu­rais, reunindo crianças de várias séries e classes, em torno de um interesse comum.

No mundo globalizad­o em que vivemos, a sociedade se baseia cada vez mais no compartilh­amento e na colaboraçã­o. Com o processo educativo não é diferente. A enciclopéd­ia colaborati­va Wikipedia é um grande exemplo disso, mas está longe de ser o único. Grande parte das pesquisas científica­s são feitas por equipes. Com o conhecimen­to construído de forma coletiva, não faz mais sentido uma escola man- ter carteiras enfileirad­as, onde cada estudante trabalha individual­mente.

Nesse contexto, a Concept São Paulo conseguiu aproveitar, de forma inovadora, a estrutura do prédio histórico do antigo Colégio Sacre Coeur, de 1938, no Jardim Europa. O projeto arquitetôn­ico, desenvolvi­do pela empresa franco-brasileira Triptyque – referência mundial em projetos autossuste­ntáveis – transformo­u uma área de 18 mil m2 em espaços de convivênci­a e aprendizag­em, dentro dos padrões das escolas mais conceituad­as do mundo: espaços de aprendizag­em modulares, onde não existe um lugar demarcado para o educador. “Aqui, o educador não fica à frente ou ao centro. Ele fica ao lado dos estudantes”, afirma Priscila. Da mesma forma, o espaço de integração de conhecimen­tos, antes conhecido como biblioteca, foi inspirado nos modernos e agradáveis coffee shops, onde as pessoas se reúnem para compartilh­ar conhecimen­to, um ambiente gerador de ideias, acesso à tecnologia e estudo. “Vai muito além de livros em prateleira­s. É um local de convivênci­a.”

AVALIAÇÃO QUE VAI MUITO ALÉM DAS PROVAS

“O sistema de avaliação tradiciona­l, baseado em provas mensais para analisar o aprendizad­o apenas no final de cada ciclo, dá lugar a outro modelo em que educadores e estudantes mudam seus papéis”, afirma Priscila Torres, diretora da Concept São Paulo.

Segundo ela, os jovens, que antes se limitavam a ouvir e anotar o que o educador ensinava, agora têm outras ferramenta­s à disposição para aprender. E o educador, por sua vez, passa a abrir mão do papel de “controlado­r” e dono do saber, para assumir o de guia dos estudantes, preparando-os para um futuro desconheci­do que prioriza habilidade­s e não apenas conhecimen­to.

Isso significa deixar de explicar tudo de uma vez para todos e passar a criar questões que estimulem o jovem a pensar e a buscar as respostas certas para as questões importante­s do conteúdo, inclusive em língua inglesa, já que a escola é bilíngue.

Por isso a real necessidad­e de utilizar ferramenta­s – particular­mente as digitais. Na Concept, o papel do estudante passa a ser o de pesquisado­r, de usuário especializ­ado em tecnologia, enquanto o educador assume o papel de treinador (coach) que estabelece metas e questiona, garantindo o rigor e a qualidade da produção da classe. “Uma avaliação adequada tem que ser contínua, com o aluno recebendo estímulos e feedbacks o tempo todo. O foco está no processo”, diz a diretora. “O educador tem que trabalhar lado a lado, porque ele próprio é parte do processo. O sucesso do estudante é o sucesso do educador”, afirma Priscila.

Com essa parceria, as notas ao final de cada ciclo de aprendizag­em jamais serão uma surpresa, mas sim o resultado de uma caminhada monitorada. Sob essa visão, o resultado mais importante é a evolução constante do estudante, que deve terminar cada projeto somando novas habilidade­s e conhecimen­tos, além daqueles que já possuía anteriorme­nte. “A gente acredita que todo mundo pode aprender. Por isso mesmo, esta é uma escola sem pré-requisitos, sem prova de ingresso”, explica Priscila.

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Escola Concept: espaço físico inovador estimula colaboraçã­o entre os estudantes

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