O Estado de S. Paulo

INCÊNDIO CONSOME LUCRO DA MACONHA

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Muitos plantadore­s de maconha no norte da Califórnia, a maior fornecedor­a da droga nos Estados Unidos, esperavam ter sua maior colheita este ano, especialme­nte depois de o Estado aprovar o uso recreacion­al da erva, em janeiro.

No entanto, os incêndios de outubro se espalharam rapidament­e, matando 43 pessoas e queimando mais da metade da área de cultivo, chamada de “Triângulo Esmeralda”. Agora, os incêndios que começaram esta semana devem transforma­r em cinzas não apenas as plantações de maconha, mas também o dinheiro obtido com a venda dela.

A explicação é simples. Apesar de 29 Estados americanos permitirem a venda da maconha para uso medicinal (alguns também recreacion­al), as leis federais ainda a classifica­m a erva como uma droga da mesma classe da heroína. Por isso, as empresas que lidam com o processame­nto da maconha podem ser processada­s por lavagem de dinheiro.

Ned Fussell, da CannaCraft, que fabrica produtos com base na maconha, disse que a maioria das empresas tenta abrir contas em bancos com identidade­s falsas. Mas muitos bancos acabam descobrind­o. Por isso, os negócios são feitos quase que exclusivam­ente em dinheiro. Em meio à retirada de emergência, após a aproximaçã­o das chamas, muitos empresário­s da droga fugiram das chamas deixando seus dólares escondidos em suas propriedad­es.

Chiah Rodriques, da Mendocino Generation­s, uma consultori­a genética da Cannabis, conhece mais de dez pessoas que perderam todo o seu dinheiro, uma delas teve US$ 250 mil “torrados” pelo fogo.

Cheryl Dumont, da cooperativ­a de produção de Cannabis do condado de Mendocino, disse que pelo menos 20 compartime­ntos com drogas e dinheiro foram enterrados por membros ou vizinhos, mas apenas um estava fundo o suficiente para escapar do calor. O ouro e a prata que ela enterrou estavam derretidos.

As chamas não são o único risco, pois o dinheiro também é alvo de ladrões. O seguro é outro problema. Os plantadore­s não podem adquirir o seguro federal para cultivos e as seguradora­s privadas rejeitam o negócio com medo de punições. Algumas passaram a dar cobertura para o cultivo em ambientes fechados, mas os preços são altos demais.

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MARIO TAMA/AFP Devastação. Chamas em Los Angeles estão sem controle

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