O Estado de S. Paulo

Governo sanciona novo Fies e espera queda na inadimplên­cia.

Inadimplên­cia já passou de 50% neste ano; 310 mil novos contratos serão criados em 2018

- Felipe Frazão Julia Lindner / BRASÍLIA

O presidente Michel Temer sancionou ontem a lei que muda as regras do Fundo de Financiame­nto Estudantil, o chamado Novo Fies, em uma tentativa de baixar a taxa de inadimplên­cia do programa, que chegou a 53% em janeiro. O governo projeta uma queda, ficando entre 25% e 30%. São previstos 310 mil novos contratos em 2018.

A estimativa toma por base dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), segundo a qual em torno de 25% dos jovens com ensino superior completo não têm rendimento formal. O programa beneficia alunos de baixa renda financiand­o curso superior em instituiçõ­es privadas.

O Ministério da Educação (MEC) argumentou que a continuida­de do Fies estava em risco por causa de maus pagadores que, em 2016, causaram um rombo fiscal de R$ 32 bilhões.

“Haverá uma curva de diminuição representa­tiva”, assegurou o ministro da Educação, Mendonça Filho. “O antigo Fies partia do pressupost­o de que a taxa de inadimplên­cia era de 10%, o que não acontece em nenhum lugar. A taxa de inadimplên­cia do financiame­nto estudantil de ensino superior é muito alta ao redor do mundo, na casa de 40% a 50%, mesmo em países que têm experiênci­a com esse tipo de crédito, como os Estados Unidos”, explicou, Mansueto Almeida, da equipe do Ministério da Fazenda.

Cobrança. Uma das apostas do governo é o novo método de pagamento do saldo devedor para cobrir o financiame­nto após o curso. As parcelas cairão direto na folha dos recém-formados que estão formalment­e empregados, com prestações descontada­s pela empresa empregador­a. O desconto vai variar de 1% a 20%, segundo a renda. Se estiver desemprega­do, quem aderiu ao Fies poderá continuar pagando só uma parcela mínima, mensalment­e, similar à devida no período de estudos.

Outra mudança é o fim do prazo de carência de 18 meses para recém-formados começarem a pagar a dívida. Quem tiver renda passa a quitar o custo do curso já no mês seguinte ao de conclusão da graduação. Se não tiver renda, paga parcela mínima.

O programa passará a ser dividido em três faixas, com taxa de juros variante, ante a taxa padrão de 6,5% praticada atualmente. Serão adotados critérios de renda e de região do País para conceder financiame­nto. Uma das faixas será operada por bancos privados – a expectativ­a é de que sejam juros mais baixos do que os do mercado.

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