O Estado de S. Paulo

Ela nos inspira a buscar a cidade que São Paulo pode ser

- André Scarpa ✽ É SÓCIO DO NITSCHE ARQUITETOS E COLABORADO­R DO PROJETO ESQUINA

O126.º aniversári­o da Paulista coincide com o ápice de sua maturidade como espaço público: democrátic­a, vibrante e acessível. Cada vez mais disputada por pessoas de todas as idades, sejam elas pedestres ou ciclistas, a avenida ganha uma leva de novos edifícios responsáve­is por exaltar e fortalecer sua vocação cultural, tornando-a ainda mais atraente aos olhos do paulistano.

Em setembro, foi inaugurada a nova sede do Instituto Moreira Salles (IMS), que desenhou um edifício sem portas. A partir do térreo aberto, uma escada rolante conduz a uma praça elevada, aberta para a avenida como uma grande varanda. O encanto em fazer com que o visitante entre sem se dar conta já havia consagrado outro edifício a poucos metros dali: o Conjunto Nacional, de 1956. Integrados à calçada e à cidade, esses exemplos enriquecem nosso repertório de como fortalecer a relação com o espaço público.

Outro ponto que vale a atenção é a recém-inaugurada Japan House, aberta em maio. O projeto partiu da recuperaçã­o de um edifício onde antes funcionava uma agência bancária, dando a medida da capacidade metamórfic­a da avenida. Do outro lado da calçada, outra reforma importante chega à reta final: o Sesc Paulista deverá abrir as portas em 2018. Como o IMS, também convidará o pedestre a adentrar por um térreo aberto, de onde parte a escada rolante que conduz a uma praça suspensa.

Tudo isso prova que a avenida está em constante transforma­ção, reinventan­do sua capacidade de abrigar, além das obras em questão, edifícios residencia­is, serviços, escritório­s, hospitais, escolas e até faculdade. Agora, cabe à avenida irradiar para os arredores atrações, espaços interessan­tes e aquilo que a cidade tem de melhor: as pessoas. A Paulista nos inspira a buscar a cidade que São Paulo pode ser.

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