‘Aceitar a oferta da Chapecoense foi a melhor escolha’
O técnico Gilson Kleina desfruta das férias com a sensação de dever cumprido. Na companhia da família, o treinador da Chapecoense descansa em Curitiba e comemora o fim de ano fantástico. Em entrevista exclusiva ao Estado, ele conta como tirou o clube da ameaça de rebaixamento e, em dez partidas, o colocou na Libertadores de 2018, feito que lhe devolveu a alegria depois da demissão da Ponte.
Você esperava ter esses resultados tão rápido?
Não. Quando cheguei, em outubro, a preocupação era manter a Chape na elite. Mas aí as coisas foram acontecendo. Estabelecemos a meta de chegar à Sul-Americana e depois vimos que, como podia dar G-8 ou G-9, tínhamos condições de ir à Libertadores. Por pouco não entramos diretamente na fase de grupos.
Considera que foi o melhor trabalho da carreira?
Em um tiro curto num clube, foi um dos melhores. A Chapecoense foi campeão do turno, com a melhor pontuação da história do clube. Conseguimos vaga na Libertadores. Tive feitos importantes com o Ipatinga, Ponte Preta e ajudar na reconstrução do Palmeiras, com a conquista da Série B. Foi um alicerce para o time ser essa potência. Ao mesmo tempo, em dez jogos com a Chapecoense, tive números bem expressivos.
Qual foi o segredo?
O ambiente que construímos dentro do elenco. Os jogadores construíram uma união, uma sinergia, e conseguimos viver mais a Chapecoense. Nós traçamos adversários, passamos a viver um jogo de cada vez. Todos tinham conhecimento do que iríamos enfrentar, de forma detalhada. Como ainda deixamos escapar três resultados porque sofremos gols no fim contra São Paulo, Sport e Atlético-MG, poderíamos ter terminado com melhor pontuação.
Você assumiu o clube a dez jogos do fim do ano. O que te levou a aceitar a proposta?
Era um ano especial para mim, porque não queria ter interrompido meu trabalho na Ponte Preta. Levamos o time para a final do Paulista e depois perdemos jogadores importantes, como o Ravanelli, Pottker e o Clayson. Depois do desligamento, eu nem queria mais trabalhar neste ano. Mas quando tive a conversa com a diretoria da Chape, vi que tinha de contribuir. É um clube em reconstrução. Então, teria de ser um trabalho de muita dedicação. Foi a melhor escolha que fizemos.
Qual foi o impacto desse trabalho na sua carreira?
O assédio ficou grande. Muitos empresários ofereceram bons jogadores para a Chapecoense. Mudamos de patamar. No âmbito individual, é um reconhecimento grande por parte de vários profissionais. Quando cheguei, o clube tinha 32 pontos e terminamos com 54 em apenas dez rodadas de trabalho. É uma façanha, marcamos história. Eu até recebi convites para palestras em empresas sobre como obter resultados em pouco tempo. Pena que não poderei ir porque tenho curso na CBF.
Quando o Neto estará liberado para jogar?
Ele está fazendo um trabalho paralelo especial de coordenação e equilíbrio. Acho que vai ter condição de voltar em campo em março. Na pré-temporada vai estar com a gente.
“Em um tiro curto foi um dos melhores trabalhos. A Chape foi campeã do turno e vai à Libertadores”