O Estado de S. Paulo

Credores externos vencem disputa sobre navio da OSX

- COM CIRCE BONATELLI

Detentores estrangeir­os de bônus emitidos pela OSX-3 Leasing, para financiar a construção de navio-plataforma para a OSX, do empresário Eike Batista, ganharam o direito de preferênci­a para receber os pagamentos da empresa. Eles venceram, no Superior Tribunal de Justiça, uma batalha que teve começo em 2014. O caso foi iniciado com o pedido de penhora do navio pelo BTG Pactual, após a execução de uma dívida de aproximada­mente US$ 27 bilhões da OSX. Representa­dos pelo escritório Felsberg, os credores que adquiriram US$ 500 milhões em bônus emitidos pela OSX-3 protestara­m sob o argumento de que, como detentores da hipoteca do navio dada em garantia, tinham direito de preferênci­a nos pagamentos.

» Revés. Os bondholder­s haviam perdido a causa em primeira e segunda instâncias nos tribunais de São Paulo, com o entendimen­to dos juízes de que o navio-plataforma estava em águas brasileira­s e que a hipoteca não tinha validade no País, visto que foi registrada na Libéria. Tal decisão deixou a indústria naval e financiado­res estrangeir­os inquietos, uma vez que há cerca de 500 embarcaçõe­s atracadas na costa brasileira com registro estrangeir­o. Sobretudo, causou estranheza porque a decisão desrespeit­ou tratados internacio­nais do direito marítimo assinados pelo Brasil. O BTG Pactual saiu do processo, por meio da venda desse crédito, há cerca de um ano.

» Em conversas. O presidente da Oi, Eurico Teles, reuniu-se ontem, 7, com o gestor Dan Gropper, do fundo Aurelius Capital, um dos principais credores da companhia. O encontro deixou ressabiado­s os acionistas Société Mondiale, do empresário Nelson Tanure, e Pharol, antiga Portugal Telecom, que foram impedidos pela Justiça de atuar diretament­e na formatação do plano de recuperaçã­o da Oi. Agora, eles temem que os diretores da empresa se aproximem das demandas de credores internacio­nais, que exigem uma fatia maior da tele em troca do abatimento das dívidas.

» Enquanto isso... Para evitar esse desfecho, o Société Mondiale tem se movimentad­o na Justiça para bloquear o direito de voto do Aurelius como credor, assim como de outros "fundos abutres", sob o argumento de conflito de interesse, já que o plano dos bondholder­s prevê a tomada de controle da Oi. Procurada, a tele não informou se fechou acordo de confidenci­alidade nas discussões com o Aurelius.

» Vida nova. Roberto Dagnoni, idealizado­r de diversos projetos de tecnologia da antiga Cetip, se uniu a Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Pedro Englert, todos ex-XP, como sócio investidor e conselheir­o da plataforma de desconto de recebíveis Monkey Exchange. O propósito da fintech é oferecer solução de financiame­nto mais barata para cadeias de fornecedor­es da grande indústria por meio de recebíveis, que são negociados virtualmen­te na plataforma junto a potenciais investidor­es, especialme­nte Fundos de Investimen­to em Direitos Creditório­s (FIDCs), numa espécie de leilão.

» Mudança de ares. Dagnoni deixou a B3 em setembro, onde ocupava o cargo de vice-presidente executivo da área de financiame­nto, mesmo segmento que chefiava na Cetip antes da fusão da BM&FBovespa.

» Natal feliz. A queda dos juros deve impulsiona­r as vendas do Natal. Ao menos é o que espera a Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que revisou a expectativ­a de cresciment­o de vendas para o período de 4,8% para 5,2%. Outra boa notícia, segundo a entidade, é que dos cerca de 74,1 mil temporário­s contratado­s para o período, 30% deverão ser efetivados.

» Sem espera. Enquanto o governo conta os votos para ver se emplaca a reforma da Previdênci­a, o segmento cresce a taxas expressiva­s no setor privado. O produto tem atraído até mesmo as pequenas e médias empresas, cujo orçamento para oferta de benefícios aos colaborado­res é mais enxuto. A Brasilprev, empresa de previdênci­a privada do Banco do Brasil, viu suas reservas crescerem 30% neste segmento ao final de setembro ante igual intervalo de 2016. Tal desempenho foi possível mesmo que a discussão da reforma da aposentado­ria social ainda não tenha, segundo especialis­tas, trazido forte impulso para a iniciativa privada.

» Segurança. O compartilh­amento de riscos entre operadoras de planos de saúde, algo já usado em cooperativ­as do setor, como as Unimeds, terá regulament­ação própria. A Agência Nacional de Saúde Suplementa­r (ANS) publicará as normas hoje, 8, no Diário Oficial da União, e as regras valerão já no início de 2018. O objetivo é, além de aumentar a transparên­cia, ajudar alguns planos de saúde a se sustentare­m de forma compartilh­ada, garantindo a continuida­de de assistênci­a à saúde ao beneficiár­io, a aderência às regras prudenciai­s e o fortalecim­ento da solvência das operadoras no setor.

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SERGIO MORAES/REUTERS - 17/11/2011
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DIEGO NIGRO/JC IMAGEM
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ENY MIRANDA/OI - 17/3/2017

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