O Estado de S. Paulo

Eletronucl­ear tenta adiar pagamento ao BNDES

Empresa, subsidiári­a da Eletrobrás, tem dívida de R$ 3,5 bi com o banco; próxima parcela vence no dia 15

- Denise Luna /

O presidente interino da Eletronucl­ear, Leonam Guimarães, esteve ontem pela manhã no Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) para pedir um waiver, uma espécie de renegociaç­ão que evita a declaração de inadimplên­cia no mercado, para o empréstimo de R$ 3,5 bilhões que tem com o banco, relativo às obras da usina nuclear de Angra 3.

O executivo corre contra o tempo para tentar evitar pagar o empréstimo, no próximo dia 15 de dezembro, a terceira parcela mensal de R$ 30 milhões, que, segundo Guimarães, correspond­e a 12% da receita bruta da Eletronucl­ear – uma empresa de economia mista, que é subsidiári­a da Eletrobrás. A usina Angra 3 continua com as obras paradas, interrompi­das desde a descoberta de irregulari­dades durante as investigaç­ões da Operação Lava Jato, e portanto sem gerar receita.

O BNDES confirmou a reunião mas não deu detalhes. Além do banco, a Eletronucl­ear possui uma dívida de R$ 2,9 bilhões com a Caixa Econômica Federal e mais R$ 50 milhões com fornecedor­es. O objetivo da reunião com o BNDES é suspender o pagamento já em dezembro, informou a Associação Brasileira para Desenvolvi­mento de Atividades Nucleares (Abdan), que ajudou a marcar a reunião com o banco.

Guimarães havia informado no início do mês que buscava uma solução para a dívida, que seria o primeiro passo para o saneamento da empresa antes de ser incorporad­a pela nova holding que será criada com a privatizaç­ão da Eletrobrás.

Por questão de segurança nacional, a Eletronucl­ear não poderá ser privatizad­a, assim como a hidrelétri­ca de Itaipu e outros ativos binacionai­s da estatal do setor elétrico. Esses ativos serão reunidos em uma nova holding, ainda sem nome, enquanto a Eletrobrás terá seu capital pulverizad­o na Bolsa de Valores.

Na época, o executivo informou que a companhia está prestes a assinar acordo com um consórcio formado pela francesa EDF e a japonesa Mitsubishi, nos mesmos moldes que já foram assinados com a chinesa CNNC e a russa Rosatom. “Esses acordos são uma maneira de formalizar essas discussões preliminar­es para uma futura parceria”, disse.

Ele afirmou ainda que a entrada de um sócio é fundamenta­l para o término da usina nuclear Angra 3, que está 64% pronta mas ainda depende de R$ 13 bilhões para ser finalizada. Entretanto, alerta, que nenhum sócio vai entrar se a tarifa de Angra 3 não for elevada, o que seria o passo seguinte ao equacionam­ento da dívida. “Esse é o passo seguinte. Primeiro tem que equacionar a dívida e depois tem que estabelece­r condições minimament­e atrativas para um sócio.”

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FABIO MOTTA/ESTADÃO - 10/12/2015 De fora. Eletronucl­ear não será privatizad­a com Eletrobrás

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