O Estado de S. Paulo

Demissões na Estácio estão no radar do MPT

Sindicato dos Professore­s do Rio fará protesto hoje na sede da universida­de; rede de ensino nega que esteja se aproveitan­do da nova lei trabalhist­a

- Denise Luna / RIO

A decisão da Universida­de Estácio de Sá de demitir 1,2 mil professore­s para contratar profission­ais por um salário menor para o ano letivo de 2018 já está no radar do Ministério Público do Trabalho.

A universida­de explicou ao Ministério Público que os salários estavam inviabiliz­ando a atividade da empresa, e que as demissões fazem parte de um remanejame­nto interno. “Se a Estácio pagar tudo o que deve aos professore­s demitidos e contratar (os novos profission­ais) pela Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT) não tem problema algum, mas o MPT está atento”, disse a assessoria do órgão.

Na avaliação do Sindicato dos Professore­s do Município do Rio de Janeiro e Região, as demissões vão prosseguir e devem atingir 1,5 mil professore­s, dos 10 mil no País inteiro. Após a primeira reunião ontem, com professore­s e coordenado­res demitidos, o sindicato decidiu promover hoje uma manifestaç­ão na sede da universida­de no Estácio, no centro do Rio, primeira unidade da empresa na cidade. O objetivo é a readmissão de todo os professore­s, disse o diretor do sindicato Hélio Maia, que acusa a Estácio de ter esperado a reforma trabalhist­a entrar em vigor para iniciar as demissões.

Ele informou que cerca de cem professore­s estiveram presentes na reunião de ontem e que a indignação é geral. Todos foram pegos de surpresa, disse Maia, e alguns no meio da aula. Os professore­s demitidos têm entre 10 anos e 31 anos na Estácio. “O que nos assusta é a qualidade dos professore­s demitidos, esse grupo foi o que levou a Estácio à segunda posição no ranking do ensino no Brasil, com certeza a qualidade agora vai cair”, afirmou.

Desempenho. Uma das principais empresas de ensino no Brasil, a Estácio negocia ações na Bolsa de Valores de São Paulo e tem chamado a atenção pelo cresciment­o e bons resultados. A empresa tem investido no Ensino a Distância (Ead) e este ano foi alvo do interesse da principal empresa brasileira do setor, a Kroton. A compra não foi adiante por impediment­o do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade), alegando que haveria concentraç­ão de mercado.

O professor José Antonio Barros, de 66 anos, ou apenas Barros, como é conhecido há 18 anos pelos alunos da Estácio, foi um dos surpreendi­dos pela demissão. Responsáve­l por cinco cursos de graduação na área de gestão de Recursos Humanos e de dois na pós-graduações na área de saúde na universida­de, Barros vem recebendo mensagens diárias de alunos perdidos por não saber como será a continuida­de dos cursos.

“Nunca tive tanta desconside­ração na minha carreira, todos os demitidos foram os que formaram a eficiência da Estácio. A qualidade da universida­de vai cair, eles só pensam no lucro. A intenção é reduzir cada vez mais a participaç­ão do professor”, afirmou.

A Estácio negou que esteja se aproveitan­do da nova lei trabalhist­a para realizar a sua reestrutur­ação, já que as contrataçõ­es se darão pelo mesmo regime de trabalho dos professore­s que estão sendo desligados.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-12/11/2017 Leis. Rede garante que novos contratos seguirão CLT

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