O Estado de S. Paulo

‘EUA FICARÃO ISOLADOS’

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A decisão de Donald Trump de mudar a Embaixada dos Estados Unidos para Israel é lamentável, pois vai aumentar a crise, vai perpetuá-la por muito tempo. Isso diante de um consenso praticamen­te mundial de oposição a esse ato unilateral. A opinião é do cientista político Carlos Eddé.

Neto do presidente do Líbano Emile Eddé, o meio-libanês-meio-brasileiro acredita que Trump está mais uma vez desafiando a comunidade internacio­nal em questões que são globalment­e aceitas. “Essa questão de Israel vai dificultar qualquer solução a médio e longo prazo”, destaca. Por estar sob pressão agora, com a eleição no Alabama do juiz republican­o radical Roy Moore, para o Senado, Trump, na opinião de Eddé, quer desviar a atenção dessa e de outras questões internas. “Ele não está só cumprindo uma das promessas de campanha. Candidatos à Presidênci­a fizeram essa mesma promessa e, depois, ninguém cumpriu porque ela vai contra o interesse nacional americano”.

Trump deixou todos os seus aliados do mundo árabe e islâmico em situação difícil. Na Arábia Saudita, segundo Eddé, as iniciativa­s do príncipe Mohammed bin Salman são perigosas e precisam do apoio dos EUA. “Isso vai ser usado contra ele pela oposição interna e pode levar à desestabil­ização do país”.

No ver de Eddé, outros países, percebendo que os americanos estão sendo governados por ‘uma pessoa irresponsá­vel, inconstant­e’, vão começar a fazer acordos isolando os EUA. Resultado? Mais força para as presenças russa e chinesa na cena internacio­nal.

E o Líbano, como fica? “Somos contra essa atitude de maneira unânime. Essa questão supera as questões internas políticas de países árabes.”

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