Prêmio Oscar adota código de conduta
Documento diz que não há espaço para os que ‘abusam de poder ou influência de forma que viole padrões de decência'
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA, o organismo que escolhe os prêmios do Oscar, adotou um código de conduta e alertou seus membros que se reserva o direito de expulsar qualquer um que ignore as novas regras.
O código de conduta, enviado a mais de 8 mil membros na quarta, 6, e a organizações de mídia na quinta, 7, vem na esteira da expulsão do produtor Harvey Weinstein da Academia em outubro devido a acusações de assédio e agressão sexual feitas por mais de 50 mulheres.
Weinstein, que negou ter feito sexo não consensual com qualquer pessoa, foi somente a segunda pessoa a ser excluída da Academia em seus 90 anos de história. A Reuters não conseguiu verificar as acusações imputadas a Weinstein.
Essas alegações foram seguidas por múltiplas acusações de assédio e agressão sexual contra atores, produtores de cinema, diretores e agentes de talentos que abalaram Hollywood. Figuras de renome da mídia e da política também têm enfrentado acusações semelhantes.
Kevin Spacey, vencedor do Oscar e integrante da Academia, pediu desculpas por um incidente de suposta conduta sexual inadequada, mas não se pronunciou a respeito de acusações feitas por mais de 30 outras pessoas. O ator foi retirado da série House of Cards, da Netflix, e suas cenas no filme ainda inédito Todo o Dinheiro do Mundo foram regravadas por outro ator. A Reuters não conseguiu verificar as acusações contra Kevin Spacey.
A carta enviada na quarta-feira pela presidente da Academia, Dawn Hudson, que incluiu o código de conduta, também anuncia que uma força-tarefa criada pela entidade está trabalhando para “finalizar procedimentos para tratar de alegações de má conduta, de forma que possamos abordá-las justa e prontamente”. Nem a carta nem o código mencionaram qualquer nome.
O código de conduta diz que “não há lugar na Academia para pessoas que abusam de seu status, poder ou influência de maneira que viole padrões reconhecidos de decência”.
Outros acusados. Além de Weinstein e Spacey vários outros grandes nomes de Hollywood também estão sendo acusados de assédio sexual e de estupro, como o ator Dustin Hoffman e o diretor Roman Polanski. Na imensa lista, que não para de aumentar, estão ainda o cantor Nick Carter, o comediante Louis C.K., o ator Richard Dreyfuss, o produtor Adam Fields, o produtor e diretor Gary Goddard; o ator Jeremy Piven, o ator Steven Seagal.
Produtor e roteirista que se tornou um influente em Hollywood nos últimos 20 anos, dirigindo filmes como Hércules, Roubo nas Alturas, XMen: O Confronto Final e Dragão Vermelho e produzindo longas como O Regresso, No Rastro da Bala e séries como Prison Break, o cineasta Brett Ratner é acusado por pelo menos seis mulheres de assédio sexual, entre elas as atrizes Natasha Henstridge e Olivia Munn. Henstridge relata que ele a obrigou a fazer sexo oral nele quando ela tinha 19 anos. Diante do escândalo envolvendo Ratner, a revista Playboy engavetou projetos com ele, que também abandonou as atividades relacionadas na Warner Bros. Ele nega as acusações. “Eu represento o Sr. Ratner há duas décadas e nenhuma mulher fez nenhuma acusação contra ele por má conduta sexual ou assédio sexual”, disse o advogado do diretor, que nega as acusações.