O Estado de S. Paulo

Tem gente que já está fora da lista que só sai em um mês

- Luiz Carlos Merten

Éoficial. A Academia de Hollywood instituiu um novo código de conduta que passa a valer imediatame­nte. “Não há lugar na Academia para pessoas que abusam de seu status, poder ou influência de maneira que viole padrões reconhecid­os de decência”, diz o documento assinado pela presidente da entidade, Dawn Hudson. A tomada de posição encerra um ciclo de especulaçõ­es que começou com as denúncias de assédio contra o produtor Harvey Weinstein.

A Associação de Produtores já expulsara o indesejáve­l Harvey, mas a cobrança continuou, até porque as denúncias não param de pipocar e atingem figuras como Dustin Hoffman, duas vezes vencedor do prêmio de melhor ator, por Kramer Vs. Kramer e Rain Man. A Academia criou uma força-tarefa para tratar de alegações de má conduta, “de forma que possamos abordálas justa e prontament­e”.

A cerca de um mês do anúncio dos indicados para o prêmio da Academia em 2018, algumas consequênc­ias parecem inevitávei­s. Kevin Spacey, tão indesejáve­l quanto Harvey Weinstein, não será bem-vindo. Dustin Hoffman, que poderia ambicionar um terceiro Oscar por Os Meyerowitz, ou Família não se Escolhe, de Noah Baumbach – como o filme é produzido pela Netflix, talvez um Emmy ou um Globo de Ouro –, pode desistir. E, apesar das suas imensas qualidades, Terra Selvagem, de Taylor Sheridan, será penalizado por ser a produção e distribuiç­ão da Miramax – dos irmãos Weinstein. Há outra discussão possível. É válido diminuir a obra pela má conduta do artista? Em tempos de correção política e empoderame­nto feminino, com certeza, sim.

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