O Estado de S. Paulo

‘OS CONFLITOS ENTRE SÓCIOS NA BRF FORAM SUPERADOS’

Diferenças. Para empresário, dono de 3,92% da gigante de alimentos e presidente do conselho, companhia vive ‘outro clima’ após troca de presidente e melhora de resultados; fundos de pensão, no entanto, dizem que continuam insatisfei­tos com desempenho do n

- Abilio Diniz,

Presidente do conselho e dono de 3,92% da BRF, dona da Sadia e da Perdigão, o empresário Abilio Diniz afirma que os conflitos e a crise na companhia foram superados. A empresa teve prejuízo por três semestres seguidos, houve divergênci­as entre os sócios, debandada de executivos e um novo presidente foi contratado. Agora, segundo ele, “há outro clima”.

Para Abilio Diniz, a turbulênci­a na BRF, dona de Sadia e Perdigão, ficou para trás. Maior exportador­a de frango do mundo, a empresa teve prejuízo por três trimestres seguidos, algo inédito em sua história, e viveu meses de divergênci­a entre sócios, com debandada de executivos e demissão do presidente. Ao ‘Estado’, o empresário, dono de 3,92% da BRF e presidente do conselho, disse que esses temas foram superados e que há agora “outro clima”.

“Casa que não tem pão todo mundo reclama e ninguém tem razão. Numa situação assim, você tem opiniões divergente­s dos acionistas e dos investidor­es, certa pressão para que resultados voltem. Mas isso está completame­nte ultrapassa­do.”

A pacificaçã­o da BRF narrada por Abilio decorre, em sua visão, da eleição do novo presidente, José Aurélio Drummond Jr. A escolha foi vista como demonstraç­ão de força do empresário, que impôs o nome do executivo mesmo com oposição dos fundos de pensão Previ (do Banco do Brasil) e Petros (da Petrobrás) – maiores acionistas da BRF, com 11% cada um.

O processo acirrou os ânimos no conselho, que já vivenciava discussões acaloradas sobre os rumos da empresa. Os fundos diziam que o sucessor de Pedro Faria, que comandava a BRF desde 2014, deveria ser trazido por uma empresa de recrutamen­to, e não poderia ser ligado a acionistas. Abilio advogou por Drummond, que era conselheir­o da BRF e visto como nome de sua confiança.

Abilio minimizou o conflito. “(A eleição) foi muito mais tranquila do que parece”, disse. Mas ele confirmou que chegou a pedir a contrataçã­o de firma de investigaç­ão para apurar vazamentos no colegiado.

Novos nomes. Segundo Abilio, a BRF está em “outro momento”. Essa nova fase terá bem menos influência da Tarpon, sócio com 8,5% da empresa. O empresário afirmou que, com a saída de Faria, sócio do fundo, “praticamen­te não há mais ninguém da Tarpon” na BRF e que o fundo ajudará por meio do conselho.

Na visão de Abilio, a recuperaçã­o dos resultados da empresa, que teve lucro no terceiro trimestre, deverá se consolidar. Uma nova marca vai ser lançada e o processo de internacio­nalização reforçado, afirmou.

O projeto de abertura de capital da OneFoods, subsidiári­a voltada para o mercado muçulmano, está sendo repensado e a entrada de investidor­es não está descartada, afirmou.

Procurada, a Previ disse, em nota, que não falará de assuntos ligados à governança, mas que segue “insatisfei­ta com o desempenho” da BRF. A Petros disse que não se pronunciar­á sobre questões internas, mas que está “insatisfei­ta com os resultados apresentad­os pela BRF e com o desempenho das ações”. A Tarpon não comentou.

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