O Estado de S. Paulo

PT estadual pode perder quase metade dos candidatos

Partidos. Levantamen­to interno estima que 99 filiados se colocam para disputar vaga de deputado estadual ou federal em 2018; crise e impeachmen­t motivam recuo no Estado

- Ricardo Galhardo

Levantamen­to do PT estadual mostra que 99 filiados estão dispostos a concorrer a deputado federal ou estadual em 2018. Em 2014, a sigla teve 174 candidatos no Estado. A queda seria um reflexo das derrotas recentes – em 2016, o número de prefeitos eleitos pelo PT em São Paulo caiu de 72 para 11. A Lava Jato e o impeachmen­t também pesaram nas desistênci­as.

Um levantamen­to interno realizado pelo PT de São Paulo aponta para uma queda expressiva das candidatur­as a deputado estadual e federal no Estado em 2018. O número de filiados dispostos a disputar as eleições pelo partido é, hoje, de no máximo 99 nomes. Em 2014, foram 174 candidatos a cargos legislativ­os, o que representa uma queda momentânea de 43%.

O extrato foi levantado pelo ex-deputado Jilmar Tatto, que nos últimos quatro anos foi secretário municipal de Transporte­s na gestão petista de Fernando Haddad. O números já foram apresentad­os à Direção Estadual da legenda e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os números obtidos pelo Estado mostram que, apesar de Lula liderar as pesquisas de intenção de voto à Presidênci­a em 2018 e ver sua taxa de rejeição cair, a Operação Lava Jato e o impeachmen­t de Dilma Rousseff ainda refletem negativame­nte no PT em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.

A dez meses das eleições, o PT tem confirmado­s até agora, de acordo com o levantamen­to, apenas 65 nomes, 40 deles para deputado estadual e 25 para federal. Outros 34 se mostraram interessad­os, mas ainda não tomaram uma decisão.

Segundo dirigentes e parlamenta­res petistas, a queda é consequênc­ia das derrotas do PT em São Paulo nas eleições de 2014 e 2016. No ano passado, o número de prefeitura­s comandadas pela sigla no Estado caiu de 72 para 11 e o total de vereadores foi de 664 para 186. Ao menos 24 prefeitos deixaram o PT antes do pleito para fugir do antipetism­o presente no eleitorado paulista. Muitos deles se preparavam para disputar cargos legislativ­os em 2018.

Em 2014, a bancada de deputados estaduais encolheu de 23 para 15 e a de federais de 16 para dez. O partido que chegou a ter 25% dos votos para cargos legislativ­os no Estado em 2002 recebeu apenas 11% em 2014. “Isso tem a ver com a crise e com tudo o que aconteceu (Lava Jato e impeachmen­t). Por causa daquilo, algumas pessoas que poderiam ser candidatas saíram do partido”, disse Tatto. “O alento é que o PT está se recuperand­o.”

Segundo a secretária nacional de Organizaçã­o do PT, Gleide Andrade, a queda do número de candidatos é localizada em São Paulo. “No resto do Brasil estamos conseguind­o montar chapas fortes”, disse ela.

Convocação. Para contornar o problema, Lula convocou os movimentos ligados ao partido a lançar o máximo de candidatos. Um deles é Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhado­res (CUT), que vai disputar uma eleição pela primeira vez em 2018. Segundo o sindicalis­ta, a CUT tem como meta lançar candidatos em todas as 27 unidades da Federação. “A direção e o Lula estão pedindo e estamos nos esforçando para atender. A representa­ção dos trabalhado­res está desnivelad­a. Temos hoje uns cem deputados contra 400 dos empresário­s”, disse Vagner.

Já outros grupos como o Movimento dos Sem Terra (MST) e a Central de Movimentos Populares (CMP) decidiram manter a estratégia de apoiar nomes com quem tenham afinidade, mas vindos de outros setores.

O líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), minimizou os números. Segundo ele, daqui até julho, quando termina o prazo para inscrição de candidatur­as, o PT de São Paulo vai conseguir montar uma chapa forte no maior colégio eleitoral do País e um palanque robusto para a campanha de Lula à Presidênci­a. “O partido está fazendo uma política de organizar as candidatur­as. Este número vai aumentar”, disse Zarattini.

De acordo com o deputado, um dos atrativos é convencer possíveis candidatos a prefeito nas eleições de 2020 a se colocar como candidatos a deputado agora para ganhar visibilida­de. “Quem quiser ser candidato a prefeito pode sair agora, mesmo que não se eleja”, disse o deputado.

“Isso (a queda) tem a ver com a crise e com tudo o que aconteceu. Pessoas que poderiam ser candidatos saíram do partido.” Jilmar Tatto

EX-DEPUTADO DO PT

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