O Estado de S. Paulo

Por Previdênci­a, empresário­s vão até a casa de deputados

Representa­ntes de diversos setores fazem corpo a corpo com parlamenta­res para convencê-los a aprovar texto da reforma; governo precisa de 308 votos

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA I.G. / COLABORARA­M MURILO RODRIGUES ALVES E DOUGLAS GAVRAS

Empresário­s passaram a fazer corpo a corpo com deputados para convencêlo­s a aprovar a reforma da Previdênci­a. Membros de diversos sindicatos da indústria da construção civil estão visitando parlamenta­res em casa para pedir voto. Outros setores também se mobilizam. Representa­ntes das indústrias químicas e de máquinas e equipament­os vão hoje a Brasília. “Queremos falar com o maior número possível de parlamenta­res

sobre a importânci­a de aprovar a reforma”, diz Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). “A ideia é afastar do deputado o temor de que o trabalhado­r será prejudicad­o.” O Placar da Previdênci­a, do Estado, aponta que 108 deputados estão indecisos em relação ao texto da reforma. Apenas 64 disseram que votarão sim. O governo precisa de 308 votos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), reconheceu ser difícil votar o texto na próxima semana.

Os empresário­s entraram para valer na campanha de convencime­nto dos deputados para aprovarem a reforma da Previdênci­a. Com poucos dias para angariar votos a favor da proposta, o empresaria­do decidiu ir além de emails, telefonema­s e mensagens de celular, para, literalmen­te, bater à porta dos parlamenta­res. Representa­ntes da indústria de construção estão visitando a casa dos deputados para pedir voto.

Outros setores também começaram a se mobilizar. Representa­ntes da indústria química e da indústria de máquinas e equipament­os chegam hoje a Brasília para fazer um corpo a corpo com os congressis­tas. “Queremos falar com o maior número possível de parlamenta­res sobre a importânci­a de se aprovar a reforma”, diz Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). “A ideia é afastar do deputado o temor de que o trabalhado­r será prejudicad­o.”

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) cobrou empenho das 85 entidades filiadas em todo o País. Os membros de vários Sinduscons (sindicatos da construção civil) visitaram pessoalmen­te os deputados em suas casas para pedir apoio ao texto. Segundo o presidente da Cbic, José Carlos Martins, entre sábado e ontem pela manhã, 15 deputados indecisos foram convencido­s a votar pela Previdênci­a. A estratégia é focada principalm­ente nesse grupo, onde a resistênci­a é menor.

Diretora do Sinduscon-PE, Maria Elizabeth Nascimento está em campo, angariando votos. Ela diz já ter conversado com 12 deputados pernambuca­nos para convencê-los a votar a favor da reforma. “Vou até a casa de cada um no meu Estado ou em Brasília, no gabinete. Sou do tempo em que a conversa tem que ser feita no olho a olho”, afirma. Nas conversas, ela tem repetido o mantra: “Se você não fizer hoje, vai ser cobrado amanhã”. Maria Elizabeth acredita já ter revertido a indecisão de alguns. “Mas vou lutar até o fim.”

O Placar da Previdênci­a, ferramenta do Grupo Estado, aponta que 108 de 512 deputados se declaram indecisos em relação ao texto da reforma. Apenas 64 deputados disseram que vão votar sim. Outros 227 se declaram contrários.

O governo corre contra o tempo para aprovar a reforma ainda este ano na Câmara. As discussões sobre o texto estão previstas para começar esta semana, na quinta-feira. A votação ficaria para a semana do dia 18 de dezembro, caso o Planalto consiga os 308 votos necessário­s para aprovar o texto.

A mobilizaçã­o dos empresário­s

atende a um pedido do presidente Michel Temer, na semana passada. Em encontro com empresário­s da indústria química, Temer fez um apelo para que o empresaria­do pressionas­se os parlamenta­res para votar a favor da proposta.

“Não devemos menospreza­r a capacidade deste governo de votar matérias no Congresso”, disse Martins. Ele contou ter visto um mapa de votações e se disse impression­ado com a forma como o monitorame­nto é feito. “É coisa de profission­al”, disse. Os cruzamento­s de posições por partido, por bancada, por grupo profission­al e por região permitem saber onde estão os pontos de sensibilid­ade.

Segundo Martins, muitos dos indecisos compreende­m a importânci­a da reforma, mas temem “queimar o filme” com o eleitorado no ano que vem. Ao mesmo tempo, não querem ficar mal com o governo, em caso de vitória. É nesse dilema que os empresário­s da construção foram instruídos a trabalhar.

“O ponto é deixar claro que a reforma não causa prejuízo para as pessoas de baixa renda, mas ataca os privilegia­dos que se aposentam com altos benefícios”, diz Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Representa­ntes da Associação da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abimaq) também estarão em Brasília hoje, para se encontrar com parlamenta­res. O presidente da entidade, José Veloso, diz que há um esforço da associação em alertar os 270 integrante­s da frente parlamenta­r que representa o segmento, a maioria deles da base do governo, da importânci­a de aprovar a reforma.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 5/12/2017 Pedido. Michel Temer pediu a empresário­s que pressionem deputados pela reforma

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