O Estado de S. Paulo

2018 como alento da reorganiza­ção

- Hilton Cesario Fernandes CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DA FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA (FESPSP)

Deixando de lado o evidente desgaste com a Lava Jato, desponta no horizonte petista o desafio de formar bancadas de deputados federais e estaduais em um momento de enfraqueci­mento de suas lideranças. A quantidade de novos filiados com interesse em se candidatar pelo PT deve ser baixa, tanto pela pouca expectativ­a de eleição como pela rejeição ao partido. Além do mais, outros partidos têm mais apelo para os novatos.

A provável base eleitoral petista também diminui os efeitos da chamada “cauda longa”, na qual muitos candidatos com poucos votos ajudam os que alcançam melhor desempenho. Isso porque esta base, apesar de não ser pequena, dificilmen­te agregará mais votos além dos simpatizan­tes. Soma-se a isso a saída de nomes importante­s, como Marta Suplicy, e a falta de um candidato de peso na eleição ao governo. Nesse sentido, outro fator determinan­te deve ser a candidatur­a à Presidênci­a. Se Lula não competir, a vida dos candidatos petistas deverá ser muito difícil. Uma opção é o apelo – puramente eleitoral – a candidatos “puxadores de voto”.

Sobra, enfim, um alento ao partido: as eleições de 2018 podem permitir a reorganiza­ção de suas bases e a renovação de suas lideranças e ideias. Pensando em um futuro pós-Lava Jato com possibilid­ade de voto distrital, isto não é pouca coisa.

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