O Estado de S. Paulo

Ex-secretário­s recebiam até 13º, afirma delator

- Constança Rezende / RIO

Apontado como ex-operador da suposta organizaçã­o criminosa chefiada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o delator Carlos Miranda disse ontem que os líderes do esquema recebiam propinas mensais e até gratificaç­ões de fim de ano, como um 13.º salário.

A revelação de que a organizaçã­o pagava gratificaç­ão de fim de ano a seus integrante­s surge quando os funcionári­os do Rio contabiliz­am um ano sem receber o benefício ainda de 2016.

De acordo com Miranda – que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), era o “homem da mala” de Cabral –, os ex-secretário­s Wilson Carlos e Regis Fichtner recebiam o valor fixo de R$ 150 mil mensais. O delator estimou em cerca de R$ 500 milhões a quantia arrecadada pela organizaçã­o desde os anos 1990.

Miranda contou que recebia também R$ 150 mil por mês. Já os valores destinados a Cabral eram estipulado­s pelo próprio ex-governador, “dono” do esquema criminoso de arrecadaçã­o, nas palavras do delator.

O delator foi interrogad­o pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal, no processo que investiga dinheiro ilícito repassado pela Carioca Engenharia – R$ 30 milhões para o esquema de Cabral, segundo ele. Miranda disse que a empresa repassou à FSB Comunicaçã­o propina para a prestação de serviços de campanha. O valor, disse ele, foi de cerca de R$ 300 mil.

Em nota, a FSB afirmou que nunca teve contato com Miranda. “Ficamos absolutame­nte surpresos com suas declaraçõe­s pela total falta de fundamento”, informou a empresa. A Carioca afirmou que não vai se manifestar. A defesa de Fichtner, em nota, classifico­u de mentirosa a acusação. A defesa de Carlos não foi localizada.

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