O Estado de S. Paulo

Recém-nascido ganha ‘spa’ para desenvolve­r autoconfia­nça

Primeiro espaço do gênero no Brasil tem flutuação com boia para crianças a partir de 2 meses; cada sessão custa R$ 150

- /J.M.

Pedro não fala nem anda, mas já é cliente de um spa. Aos 6 meses, recebe sua dose semanal de mordomia, que inclui flutuação em água morna e massagem. As sessões começaram quando a criança tinha só 2 meses. “Ele pula tanto dentro da água, faz gracinhas e já empurra a beirada da piscina para ganhar espaço”, diz a mãe, a enfermeira Ana Raquel Côrtes, de 36 anos. Depois, Pedro faz shantala – massagem de origem indiana –, “sai de lá e capota”. A mãe diz que ele está dormindo melhor e tem menos cólicas.

O Vila Baby Spa, em Belo Horizonte, é o primeiro do País a oferecer a flutuação para bebês. Os pequenos são colocados em uma boia apoiada no pescoço e ficam sozinhos na água aquecida a 37ºC durante 15 minutos.

Spas com método semelhante já funcionam em outras partes do mundo, como Austrália, Estados Unidos e Portugal “As mães procuram porque o bebê não dorme e está com cólica. O método é eficaz para essas situações”, diz Ellen Rocha, enfermeira e gerente do espaço, que abriu em outubro de 2016 e já atendeu 144 bebês.

Autonomia. Metade deles, diz Ellen, são crianças que nasceram prematuras. A técnica, segundo ela, ajuda no sistema cardiorres­piratório e no desenvolvi­mento neuropsico­motor, além de estimular a autonomia das crianças. As sessões – que custam R$ 150 – têm acompanham­ento de profission­ais como enfermeira­s, terapeutas ocupaciona­is e nutricioni­stas e a presença do pai ou da mãe é obrigatóri­a. “A criança está solta (na água), mas o ponto de referência, de segurança, tem de estar ali. Isso fortalece o vínculo e a confiança”, diz Ellen.

A gerente de recursos humanos Karin Lundberg, de 39 anos, procurou o método para o casal de gêmeos Maya e Gael. Os bebês nasceram de 31 semanas e ficaram um mês na UTI. Começaram a frequentar o spa com 8 semanas de vida – idade mínima para início das sessões. “Meu filho até dormiu na piscina. Se sentia à vontade”, afirma Karin. “Saíam morrendo de fome e dormiam bem à noite”, completa.

Profission­al. Consultado sobre a técnica, o fisioterap­euta e diretor científico da Sociedade Brasileira de Fisioterap­ia (SBF) Wiron Lima disse que “abordagens aquáticas são sempre positivas para bebês”.

Segundo ele, as vantagens obtidas incluem “simular ambiente uterino, conforto térmico e a redução de impactos nas atividades”. Lima destaca ainda a importânci­a da revisão das boias e a necessidad­e de acompanham­ento de profission­ais para a atividade.

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WASHINGTON ALVES/ESTADÃO Abordagem positiva. Além de especialis­tas, a presença do pai ou da mãe é obrigatóri­a

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