O Estado de S. Paulo

Fornecedor não garante nem a sua operação

- BRASÍLIA /A. B.

A empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal que detém o monopólio de processame­nto do urânio no Brasil e que é a única fornecedor­a do combustíve­l para Angra 1 e 2, ainda não tem garantia de que poderá manter suas operações até o fim de 2018, por conta dos calotes da Eletronucl­ear e, paralelame­nte, dos cortes em seu orçamento.

Cada recarga de combustíve­l de Angra 1 e 2 custa, em média, R$ 519 milhões. O abastecime­nto é feito de forma intercalad­a entre as usinas, a cada dois anos. Em 2015, a INB deixou de receber R$ 81 milhões da Eletronucl­ear. Em 2016, houve nova frustração de caixa e a estatal ficou sem receber mais R$ 121 milhões. As dívidas se avolumaram com os atrasos deste ano, levando a Eletronucl­ear a firmar um acordo com a INB para quitar uma dívida total de R$ 654 milhões.

Por meio de nota, a INB informou que “a Eletronucl­ear está cumprindo parcialmen­te o acordo” e que, até novembro, pagou R$ 566 milhões dessa conta. “Há expectativ­a de que efetue mais um pagamento na ordem de R$ 40 milhões, em dezembro. Este acordo possibilit­ará a INB dar continuida­de as operações em 2017 e início de 2018”, informou a estatal.

Procurado pela reportagem, o Ministério de Minas e Energia informou que cabe ao Grupo Eletrobrás comentar o assunto. Por meio de nota, a estatal reconheceu a crise. “De fato, temos problemas de caixa ocasionado­s pela cobrança antecipada do financiame­nto de Angra 3, dado que a obra está parada e, além de não gerar caixa, ainda gera despesas de manutenção”, afirmou o grupo.

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A Caixa Econômica Federal não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

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