O Estado de S. Paulo

Mercosul se queixa de proposta dos europeus

- BUENOS AIRES

A “falta de equilíbrio” da proposta europeia é a razão para a mudança de tom e a frustração das autoridade­s sul-americanas sobre a perspectiv­a de assinatura do pré-acordo para criação de uma área de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Sul-americanos, porém, também têm um tema bastante sensível: o prazo para abertura do mercado para industrial­izados da Europa.

Fonte que acompanha as negociaçõe­s do lado sul-americano disse ao Estadão/Broadcast que as reuniões para a criação da área de livre comércio esbarraram na falta de movimento dos europeus, que não trouxeram novos números para a mesa na Argentina. A prometida proposta melhorada para carne e etanol ainda pode, em tese, ser apresentad­a em Buenos Aires, mas negociador­es praticamen­te já descartam a hipótese.

Outro ponto de discórdia é o chamado “grau de cobertura e liberação do mercado” sul-americano para as mercadoria­s europeias. Isso acontece porque os blocos comerciais têm a possibilid­ade de proteger uma parcela da economia contra o livre comércio. Ou seja, manter tarifas de importação para evitar a concorrênc­ia de produtos estrangeir­os em setores considerad­os mais sensíveis.

Bruxelas insiste que 90% do fluxo de comércio entre o Mercosul e União Europeia tenha tarifa zero. Nas últimas semanas, o bloco sul-americano elevou a proposta aos europeus e aumentou o alcance do livre comércio de 87% para 89% do fluxo entre os dois blocos, mas Bruxelas acha pouco. O Mercosul já mapeou alguns produtos que poderiam ser incluídos para alcançar os 90%, mas há resistênci­a dos países – como a Argentina que é contra incluir o azeite de oliva no acordo, já que o país é grande produtor.

Outro ponto de discórdia é o período para que os produtos passem a ter tarifa zero. A Europa quer o prazo mais rápido possível, mas os sul-americanos tentam alongar o calendário para dar mais tempo às suas indústrias para se preparar para a concorrênc­ia com produtos alemães, franceses ou italianos que passariam a entrar com tarifa zero de importação no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Na média, a Europa pede prazo limite de 10 anos para chegar à tarifa zero, mas o Mercosul pede 15 anos.

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