O Estado de S. Paulo

O mercado imobiliári­o na Ucrânia e o que ele ensina ao Brasil

- SÃO PAULO, 12/12/2017

É possível perceber pelos números que o mercado imobiliári­o ucraniano possui diversas similarida­des com o mercado brasileiro.

A Ucrânia é hoje um lugar em processo de mudanças. O segundo maior país da Europa, com cerca de 42 milhões de metros quadrados, já foi palco de diversos momentos bons e ruins no decorrer de sua história. A última crise ocorreu entre 2013 e 2015 por conta de um conflito militar com a Rússia. No entanto, os últimos dois anos mostraram que os ucranianos não só superaram os problemas como retomaram os rumos do cresciment­o imobiliári­o.

Os indicadore­s econômicos endossam essa afirmação. A previsão para o cresciment­o do PIB do país do leste europeu em 2017 é de 2,5%. A economia já havia crescido 1,5% em 2016, retomando o resultado positivo depois de dois anos de profunda recessão. A inflação no país também deve ter seu menor índice desde 2013, o mesmo ocorrendo com a taxa de desemprego. A previsão é de que o cresciment­o econômico continue por pelo menos cinco anos.

No que diz respeito especifica­mente ao setor imobiliári­o, as notícias também são boas. Somente no ano passado, as empresas do segmento realizaram obras que totalizara­m 70,9 bilhões de dólares, um aumento de 17,4% em relação ao ano anterior. No mercado residencia­l, os preços que sofreram queda brusca durante o período conturbado se recuperara­m em grande parte e hoje mostram estabilida­de.

A situação é ainda melhor no segmento comercial. A taxa de vacância nos shoppings centers está em queda constante. Entre 2015 e 2016, houve casos em que essa taxa caiu pela metade. O mesmo ocorre no segmento de escritório­s. Neste caso, houve mais de 3% de queda na vacância apenas durante o ano de 2016.

É possível perceber pesua los números que o mercado imobiliári­o ucraniano possui diversas similarida­des com o mercado brasileiro. Ambos tiveram um momento positivo até o começo desta década, mas sofreram nos últimos anos com a recessão e com imóveis vazios. Mesmo com uma crise gerada por um motivo bem mais grave, uma guerra, e com indicadore­s negativos bem mais acentuados, a Ucrânia conseguiu superar as dificuldad­es e retomou o rumo do cresciment­o. Isso só foi possível por meio da cooperação entre as empresas, entidades representa­tivas e o governo, que garantiram o fomento à construção.

O exemplo ucraniano mostra o que deve ser realidade no Brasil a partir de agora. Após uma profunda crise conjuntura­l, o país sul-americano tem tudo para retornar aos bons números. Os exemplos da grande importânci­a da atividade imobiliári­a de forma geral se espalham por todos os lugares do mundo. O mercado imobiliári­o, com função premente de prover moradia, é capaz de gerar emprego, renda e dignidade as pessoas. Eventuais quedas, muitas vezes, ocorrem por conta de fatores alheios ao próprio setor, mas podem ser uma grande oportunida­de de ajuste e melhorias.

Uma vez que a construção civil recupere a sua força, diversos outros setores da economia são movimentad­os e aquecidos, gerando um círculo virtuoso. Por conta disto, imóveis continuam sendo – e sempre serão – investimen­tos seguros e garantidos. Um ambiente estável e transparen­te é de fundamenta­l importânci­a para que toda cadeia possa atuar de forma saudável e organizada.

Por Kateryna Pylypchuk, Presidente da FIABCIUCR­NIA

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Kiev, Ucrânia

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