O Estado de S. Paulo

Embrapa Territoria­l vai observar o País além das fazendas

Nova unidade analisará o uso e ocupação de terras pela agropecuár­ia para tentar ajudar o País a crescer na produção com sustentabi­lidade

- Leticia Pakulski ENVIADA ESPECIAL / CAMPINAS (SP)

A Embrapa inaugurou, ontem, em Campinas (SP) uma nova unidade, que vai compilar e analisar dados sobre o território brasileiro, para subsidiar a tomada de decisão do poder público e da iniciativa privada. “A Emprapa Territoria­l chega para fortalecer o avanço da agropecuár­ia brasileira”, diz o presidente da empresa, Maurício Lopes. “Ela faz parte de um processo amplo de atualizaçã­o da empresa e atende ao contexto de dificuldad­e pelo qual o País passa. Temos de buscar eficiência e um foco mais acurado.”

Segundo Evaristo de Miranda, chefe geral da nova unidade, o momento é de ampliar o foco. “Agora a empresa é desafiada a olhar além dos limites das fazendas, olhar para território­s.” Segundo ele, olhar o território brasileiro com inteligênc­ia envolve analisar o uso e a ocupação de terras pela agropecuár­ia para verificar como o País pode crescer na produção com sustentabi­lidade e ser mais competitiv­o no mercado externo. Ele afirmou que os resultados da nova unidade “serão entregues em pouco tempo”.

Conforme Miranda, no âmbito do agronegóci­o, uma das principais contribuiç­ões da Embrapa Territoria­l é o sistema de inteligênc­ia territoria­l da macrologís­tica agropecuár­ia, que terá seus primeiros resultados divulgados no final de fevereiro de 2018. O projeto vai se estender por 18 anos. “A agropecuár­ia, que tem a maior demanda logística e a maior carga, superior à da mineração, não conta com um sistema de inteligênc­ia da sua logística”, apontou. Ele ressaltou que o sistema combina uma análise sobre a evolução da área e produtivid­ade das 10 principais culturas do Brasil, uma avaliação sobre todos os modais disponívei­s para escoamento dessa produção e uma pesquisa de como os insumos chegam e a produção sai das áreas de cultivo. “Identifica­mos 30 obras considerad­as prioritári­as para aumentar a competitiv­idade do agronegóci­o”, destacou. CAR. Miranda também citou a análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), segundo os quais 177 milhões de hectares no País foram destinados pelos produtores à preservaçã­o da vegetação nativa. As terras imobilizad­as foram avaliadas pela Embrapa em R$ 3,2 trilhões. “A gente vai estudar a dimensão econômica e social disso. A sociedade precisa reconhecer o esforço desses agricultor­es e encontrar uma forma de compensaçã­o por isso.”

A criação da Embrapa Territoria­l não envolveu gastos adicionais e conta com a parceria de outras 30 unidades da estatal. Além disso, estão em negociação parcerias com o setor privado. “Temos dezenas de contratos com cooperativ­as, empresas e organizaçõ­es rurais que atestam o desenvolvi­mento desta unidade”, diz Miranda.

O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, presente ao lançamento, disse que a nova unidade vai ajudar o governo e a iniciativa privada a tomar decisões no futuro. Segundo ele, os dados sobre logística poderão orientar investimen­tos em infraestru­tura tanto públicos como privados. Maggi voltou a dizer que a forte atuação do Brasil no mercado internacio­nal causa reação dos competidor­es. “Somos exportador­es para mais de 150 países. Esse cresciment­o do Brasil incomoda muita gente”, disse. O ministro considera que mesmo com um “ativo ambiental fantástico”, o Brasil não é respeitado ou reconhecid­o por isso. “Temos que aproveitar a oportunida­de de nos reposicion­armos com inteligênc­ia e dar outro salto futuro. Essa inauguraçã­o (da Embrapa Territoria­l) vem nessa direção.”

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UESLEI MARCELINO/REUTERS - 5/6/2017 Futuro. Dados vão orientar investimen­tos, diz Maggi

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