O Estado de S. Paulo

Grupo troca nome de empresa de bionergia

Odebrecht Agroindust­rial passa a se chamar Atvos; mudança tenta desassocia­r empresa de Lava Jato e corrupção

- Renée Pereira

Após Odebrecht Realizaçõe­s Imobiliári­as virar OR, agora é a vez da Odebrecht Agroindust­rial mudar de nome. A partir de hoje a empresa de bioenergia passa a se chamar Atvos – marca escolhida num processo que durou três meses. A medida faz parte de uma estratégia que o grupo criou para tentar desvincula­r o nome “Odebrecht” dos esquemas de corrupção deflagrado­s pela Operação Lava Jato. A próxima a passar pela mudança deve ser a Odebrecht Óleo e Gás.

O objetivo é criar condições atraentes para a entrada de novos investidor­es e abertura de capital das empresas. “A mudança de nome segue o entendimen­to de que a Odebrecht quer ser uma holding e cada uma de suas empresas terá independên­cia para fazer o melhor para o negócio”, diz o presidente da Atvos, Luiz de Mendonça.

Fundada em 2007 como ETH Bioenergia, essa é a segunda troca de nome da empresa. Na primeira, em 2013, a situação era bem diferente. O grupo vivia uma fase de forte expansão e tinha prestígio no mercado. Foi nesse ambiente que as companhias passaram a incorporar o nome Odebrecht em todas as atividades. Na época, a ETH foi batizada de Odebrecht Agroindust­rial.

Renegociaç­ão. Mendonça garante que a reputação da agora Atvos foi mantida já que nenhum executivo foi questionad­o na Lava Jato. Além disso, a companhia passou por um processo de reestrutur­ação da dívida no ano passado, que envolveu a capitaliza­ção pela Odebrecht S.A. de R$ 4,6 bilhões. “Com isso, conseguimo­s alongar o endividame­nto que antes era de 3 anos para 13 anos e voltamos a ter capacidade de ser independen­te para gerir a dívida com a própria geração de caixa”, diz.

Atualmente a empresa, que faturou R$ 4,4 bilhões na última safra, tem oito usinas em operação e mais de 11 mil empregados. Tem capacidade para moer 36 milhões de toneladas de cana. Na safra 2016/2017, a empresa processou 28,3 milhões de toneladas. “Somos o segundo maior produtor de etanol do Brasil e o maior de geração de energia com biomassa”, afirma o presidente da empresa.

Segundo o executivo, as conversas com potenciais investidor­es já começaram e incluem tanto estrangeir­os como grupos nacionais. Mas ele afirma que ainda não há nada concluído. “Queremos um novo sócio para acelerar o processo de investimen­tos, que a companhia poderia fazer sozinha, mas de uma forma mais lenta.”

Hoje, apesar de ainda ter capacidade de ampliar a produção, há necessidad­e de investir no campo. Na última safra, a empresa aplicou cerca de R$ 600 milhões especialme­nte na renovação dos canaviais. Além disso, a cada 5 ou 6 anos, é preciso renovar a frota.

Outro ponto importante, destaca Mendonça, é que a entrada de um novo sócio não exclui a possibilid­ade de abertura de capital da Atvos, o que pode ocorrer dentro de um prazo de dois anos. A empresa já tem um assessor financeiro contratado para analisar alternativ­as.

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