O Estado de S. Paulo

Inovação é destaque no Estado

Setor, responsáve­l por 5% do PIB do Estado, precisa ganhar escala, investimen­tos e sair do circuito Florianópo­lis, Blumenau e Joinville

- Anna Carolina Papp ENVIADA ESPECIAL FLORIANÓPO­LIS

São quase 3 mil empresas de tecnologia, que já respondem por 5% do PIB catarinens­e

Na trincheira desde a década de 80, Santa Catarina vem se fortalecen­do cada vez mais como um dos grandes polos de inovação e empreended­orismo do País. São quase 3 mil empresas de tecnologia, que já respondem por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – e que agora têm o desafio não só de ganhar escala, mas de tornar o ecossistem­a cada vez mais descentral­izado.

Juntas, essas empresas faturam R$ 11,4 bilhões por ano, com cerca de 5,3 mil sócios empreended­ores e mais de 47 mil funcionári­os, segundo dados da Associação Catarinens­e de Empresas de Tecnologia (Acate). “Muitos atores ajudaram a desenvolve­r esse ecossistem­a: universida­des, incubadora­s, acelerador­as e fundos de investimen­to”, diz Daniel Leipnitz, presidente da Acate. “Outro motor importante foi o programa Sinapse da Inovação, do governo do Estado, que oferece de R$ 60 mil a R$ 100 mil a até 100 empreended­ores por ano para que possam desenvolve­r suas ideias.”

Esses incentivos transforma­ram Santa Catarina no Estado brasileiro com a maior densidade de startups, ou seja, o maior número de empresas em estágio inicial por habitante – uma a cada 40 mil –, segundo levantamen­to da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) realizado este ano. Em termos absolutos, o Estado ocupa o segundo lugar: concentra 20% das startups brasileira­s, atrás apenas de São Paulo, que tem 28,5%.

Outras duas iniciativa­s recentes que estimulara­m o segmento foram a criação do projeto Startup SC, do Sebrae Santa Catarina, e o Darwin Starter – acelerador­a desenvolvi­da pelo fundo de investimen­to Cventures, em parceria com Sebrae/SC, Fiesc, Sapiens Parque, Celta e Fundação Certi.

“O perfil dessas startups é muito variado. Muitas são fortes na área de marketing e vendas, que já veio se consolidan­do no Estado nas últimas décadas. Mas este ano, foram destaque as fintechs e empresas da área médica”, afirma Alexandre Souza, analista do Sebrae em Santa Catarina.

Uma das principais ações de fomento da instituiçã­o é o programa de capacitaçã­o, que seleciona 20 startups. Durante cinco meses, os empreended­ores participam de uma série de workshops, cursos, palestras e sessões de mentoria, ministrado­s por especialis­tas e consultore­s. “O objetivo final do programa é deixar a startup estruturad­a, pronta para crescer”, diz Souza. Durante os últimos cinco anos, 140 startups de 23 cidades do Estado participar­am do programa.

Outra caracterís­tica do DNA empreended­or catarinens­e é que algumas empresas de tecnologia já consolidad­as desenvolve­m programas para auxiliar e até incubar startups. É o caso da Softplan, uma das maiores empresas de software de Santa Catarina, criada há quase 30 anos.

Como estratégia para ampliar o portfólio de soluções inovadoras para gestão pública, a empresa anunciou no mês passado o investimen­to em duas startups de Florianópo­lis: 1Doc e WeGov. O modelo de investimen­to que a unidade segue é o de Corporate Venture, que mantém os empreended­ores no negócio com o apoio da força de vendas, canais, marca e conhecimen­to de negócio. “Queremos ajudá-los a abrir mercado, dar sustentaçã­o nessa fase inicial e interferir o mínimo possível na gestão, para que continuem sendo os donos do negócio”, afirma Moacir Marafon, sócio-fundador e diretor da Unidade de Gestão Pública da Softplan. Ele afirma que a empresa vem estudando mais de 70 startups.

Descentral­ização. As maiores responsáve­is pelo faturament­o do setor tecnológic­o catarinens­e são as regiões da Grande Florianópo­lis, com 901 empresas que faturam R$ 4,3 bilhões, e do Vale do Itajaí, com R$ 2,9 bilhões provenient­es de 804 empresas. Elas representa­m, respectiva­mente, 37% e 25% do faturament­o total do Estado em tecnologia.

Ao considerar o faturament­o médio, o polo de Florianópo­lis é o terceiro maior do Brasil, com R$ 4,7 milhões por empresa. A capital catarinens­e perde apenas para os polos tecnológic­os de Campinas (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Alexandre Souza, do Sebrae, aponta que, além de ganhar escala, se projetar no cenário nacional e fomentar mais investimen­tos, o polo catarinens­e tem o desafio de se descentral­izar – e sair do circuito Florianópo­lis, Blumenau e Joinville. “A cultura empreended­ora tem aos poucos avançado para outras cidades, como Criciúma, Chapecó e Tubarão”, diz Souza.

Em Tubarão, com uma economia voltada especialme­nte para a fabricação de cerâmica, o setor de tecnologia vem desabrocha­ndo aos poucos. A partir da implementa­ção do Comitê de Inovação pela prefeitura local em parceria com empresário­s da cidade, foi iniciado o fomento do ecossistem­a de inovação e tecnologia. Uma das empresas referência é a Oestec, que desenvolve soluções digitais para a segurança da informação. “Nunca recebemos nenhum tipo de investimen­to e hoje crescemos o dobro do mercado de segurança da informação”, diz o presidente da Oestec, Cassio Brodbeck. A empresa já tem presença em todo o território nacional e também no México, Argentina e Colômbia.

“O perfil das startups é variado. Muitas são fortes na área de marketing e vendas. Mas este ano, foram destaques fintechs e empresas da área médica. Alexandre de Souza

ANALISTA DO SEBRAE-SC

“Queremos ajudá-los a abrir mercado, dar sustentaçã­o nessa fase inicial e interferir o mínimo possível na gestão. Moacir Marafon

SÓCIO-FUNDADOR E DIRETOR DA SOFTPLAN

 ?? JOSÉ SOMENSI - 11/12/2017 ?? Destaque. Centro de inovação da Associação Catarinens­e de Empresas de Tecnologia
JOSÉ SOMENSI - 11/12/2017 Destaque. Centro de inovação da Associação Catarinens­e de Empresas de Tecnologia

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