A conta chegou e não dá para adiar
Especialistas presentes ao debate da Previdência alertam sobre o quadro insustentável das contas públicas, a redução de privilégios e que, se a reforma for interrompida, a economia deve voltar a piorar
AReforma da Previdência está atrasada em 20 anos e a conta dessa procrastinação chegou e é pesada, dizem os especialistas que participaram do Fórum Estadão Reforma da Previdência, realizado ontem, em São Paulo. “A vida cobra e ela está cobrando duro”, afirmou Moreira Franco, ministro-chefe da Casa Civil. Para ele, porém, caso seja aprovada, a reforma pode marcar o início de um ciclo virtuoso, já a partir do próximo ano. “Seremos donos de uma saúde fiscal que não temos, não vivemos e não sentimos há muito tempo.”
Apesar de concordarem que a reforma a ser debatida no Congresso a partir de quinta-feira não será definitiva, os economistas presentes ao encontro disseram que ela reduzirá desigualdades praticadas no País.
Hoje, os 5% mais ricos são os que se aposentam primeiro e recebem mais subsídios públicos em suas pensões. Esses recursos poderiam ser gastos com investimentos que beneficiariam a população de maneira geral e não apenas uma pequena parcela dos brasileiros.
Outro argumento destacado pelos especialistas é que, caso se espere para levar adiante a reforma, o ajuste ficará ainda mais caro e penoso. De acordo com Marcos Lisboa, presidente do Insper, a janela de oportunidade, aberta sobretudo pelo bom momento internacional e a retomada do crescimento, pode estar se fechando. “Se a reforma for interrompida, a economia deve piorar novamente”, disse.