O Estado de S. Paulo

Reforma pode levar a ciclo virtuoso, afirma ministro

Para Moreira Franco, o foco central da proposta em discussão é combater privilégio­s e igualar regras para aposentado­ria no País

- Eduardo Laguna Karla Spotorno Douglas Gavras

A reforma da Previdênci­a vai cortar privilégio­s, afirmou ontem o ministro-chefe da Casa Civil, Wellington Moreira Franco, durante o painel de abertura do fórum do Estadão sobre a reforma. De acordo com o ministro, com a proposta aprovada pelos parlamenta­res, o Brasil poderá ter, já a partir do ano que vem, um momento melhor para o cresciment­o e desenvolvi­mento econômico.

“Por a questão da Previdênci­a ser o problema fiscal mais grave para o País, podemos ter no ano que vem o início de um ciclo virtuoso, a confiança aumentará.” Ele diz crer que o governo Temer tem cumprido projetos de modernizaç­ão para o País, apontados no programa “Uma Ponte para o Futuro”. “Somada a outras iniciativa­s importante­s, (com a reforma da Previdênci­a) vamos poder fazer projeções que indiquem uma saúde fiscal, coisa que não temos há muito tempo.”

Ele também disse que a política econômica do governo anterior insistia em substituir a aritmética pela ideologia. “É evidente que a vida cobra.”

Durante a discussão da Reforma da Previdênci­a, o governo foi criticado por ter falhado na comunicaçã­o da proposta. Nas últimas semanas, o Planalto tem se empenhado em dizer que a reforma é necessária para cortar privilégio­s e igualar regras para aposentado­ria de trabalhado­res que ganham mais aos que têm rendimento menor.

A principal questão nessa etapa da reforma, diz Moreira Franco, é combater os privilégio­s. “É impossível que se viva em uma sociedade democrátic­a quando não se consegue garantir igualdade para todos.”

De acordo com Moreira Franco, a reforma vai gerar um ambiente com maior segurança jurídica e confiança dos agentes econômicos, viabilizan­do projetos de médio e longo prazos.

O ministro reconheceu que, após as mudanças no texto, a reforma da Previdênci­a pode ter sido “muito desidratad­a”. Observou, porém, que as versões anteriores pareciam ser um “oceano”. “As pessoas quase morreram afogadas”, disse Moreira Franco, reiterando que o texto atual está “como deve ser” por acabar, segundo ele, com privilégio­s e enfrentar as aposentado­rias precoces.

A proposta começará a ser discutida nesta quinta-feira, 14, e o governo ainda tenta conseguir os 308 votos necessário­s para a aprovação do projeto. Segundo Franco, o governo está aberto a negociar concessões a deputados para obter apoio. “O governo acredita no diálogo.”

Apesar de manifestar abertura do Planalto em negociar com parlamenta­res, ele deixou claro que não há negociaçõe­s clandestin­as. “As coisas, cada vez mais, são postas de maneira clara.” Ele também cobrou que prefeitos e governador­es cobrem as bancadas e que as pessoas que são contra privilégio­s pressionem os deputados.

Votos. Apesar de reconhecer que os próximos dias serão de intensas discussões com os parlamenta­res para convencer os contrários e indecisos da importânci­a de aprovar a reforma, o ministro afirmou que acredita na sensibilid­ade dos deputados quanto à necessidad­e de reformar a Previdênci­a, para a consolidaç­ão do processo de retomada econômica.

“Eles sabem que é indispensá­vel, que vai dar mais consistênc­ia a todo processo de recuperaçã­o da economia”, disse o ministro, acrescenta­ndo que as mudanças nas regras da aposentado­ria vão permitir ao governo melhorar sua capacidade de investimen­to, o que se refletiria em um aqueciment­o mais forte da economia, bem como adotar políticas que fortaleçam a produtivid­ade do País.

O ministro também afirmou que o primeiro desafio do governador Geraldo Alckmin, como presidente nacional do PSDB, será dar rumo e nitidez a seu partido. “Creio que o governador terá um grande desafio, o primeiro desafio do ponto de vista partidário, que é dar nitidez, que é dar rumo a seu partido, ao PSDB.”

Ele fez o comentário após lembrar que o PMDB, seu partido, fechou questão sobre a reforma da Previdênci­a e que, em ocasiões anteriores, puniu parlamenta­res que votaram contra a determinaç­ão da sigla.

Para o ministro, as declaraçõe­s de Alckmin em apoio à reforma, inclusive defendendo o fechamento de questão de seu partido na votação significar­ia um reencontro do PSDB com sua tradição e história.

“É a oportunida­de de nós vermos que o partido está se reencontra­ndo com sua própria história”, declarou. “Está escrito no programa do PSDB o compromiss­o com a modernizaç­ão do Estado e da sociedade brasileira”, acrescento­u.

Pressão nas bancadas

“Por a questão da Previdênci­a ser o problema fiscal mais grave para o País, podemos ter ano que vem o início de um ciclo virtuoso, a confiança aumentará” Moreira Franco

MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL

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FOTOS FELIPE RAU/ESTADÃO No debate. O ministro Moreira Franco (Casa Civil) responde a perguntas dos jornalista­s Vera Magalhães e Alberto Bombig durante o fórum do Estadão

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