O Estado de S. Paulo

Outras reformas foram no mesmo sentido da brasileira

-

No mundo todo, diferentes países viveram há poucos anos reformas da Previdênci­a por motivos parecidos com os do Brasil. Se antes havia uma vasta maioria jovem a sustentar o sistema de seguridade social para uma pequena população de beneficiad­os, mudanças, sobretudo demográfic­as, obrigaram a adoção de medidas impopulare­s, sempre no sentido de aumentar a idade para a aposentado­ria e o tempo de contribuiç­ão.

“A tendência no mundo é, a partir do momento em que se estica o recebiment­o [com o aumento no tempo de vida], prorrogue-se o período de permanênci­a no mercado de trabalho e as contribuiç­ões ao sistema”, diz o economista Fabio Giambiagi, especialis­ta em Previdênci­a. “A grande novidade é que o Brasil está fazendo agora mudanças que começaram a ser realizadas no mundo na década de 1990. Na verdade, estamos chegando à década de 90.”

As reformas feitas em todo o mundo preocupam-se apenas com a parte contábil da equação e esquecem-se da qualidade de vida, objetivo inicial do sistema, dizem os críticos. “Viver mais não pode ser visto como algo ruim”, diz Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia da USP, que tratou do tema em seu livro “A boa política”. “Por que é preciso começar a trabalhar 40 horas por semana aos 20 anos de idade e parar subitament­e? Será que não dá para se fazer uma aposentado­ria gradual, menos penosa para o trabalhado­r e o próprio sistema?”

Não foram feitas, porém, reformas em sentido diferente da brasileira em outros países. Nem mesmo o Chile, primeiro país a ter um sistema de aposentado­ria privado, passou incólume pela crise que afeta o modelo. Mais de 90% dos aposentado­s, na primeira geração em que cada trabalhado­r investiu em sua própria poupança, têm recebido menos do que o salário mínimo. Como resposta, espera-se que o país, que já passou por uma reforma em 2008, mude seu sistema, tornando-o mais parecido com o resto do mundo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil