O Estado de S. Paulo

‘CURSO DEVE SER COERENTE COM A CARREIRA’

- / GUSTAVO ZUCCHI, ESPECIAL PARA O ESTADO

Para quem quer garantir uma boa vaga no mercado de trabalho uma dúvida crucial pode surgir na hora de investir seu tempo e dinheiro em um curso de pós-graduação: que caminho é mais bem visto pelas empresas. Quem ajuda a responder essa pergunta é Isis Borge, gerente de recrutamen­to da Robert Half. Em entrevista ao

Estado, a headhunter revela que as empresas têm espaço para diferentes perfis. O essencial é o futuro aluno saber que cargo deseja atingir.

O que as empresas procuram em termos de formação após a graduação? Depende da função que a pessoa exerce. Se for mais técnica, uma graduação

técnica como um mestrado, um doutorado, um PhD (sigla para Philosophi­ae Doctor ou Doutor da Filosofia),

é muito bem vista. Se for uma área administra­tiva, um pouco mais generalist­a, então um MBA, as especializ­ações em negócios, são muito bem-vindas. Então depende um pouco da situação. Em todas as áreas hoje, quando uma pessoa tem experiênci­a como gestor, também são muito bem vistas especializ­ações em liderança, habilidade­s de Gestão, Recursos Humanos. No geral são essas vertentes.

O profission­al que está procurando uma pós então tem de decidir antes o que ele deseja para o futuro?

Ele precisa ter um norte do que acha que quer hoje. É difícil, especialme­nte o jovem, saber o que quer com certeza, saber onde ele se imagina. A pessoa sabe se ela é mais analítica, mais focada em desenvolve­r alguma coisa ou mais expressiva, que quer transitar entre várias áreas.

Quando as empresas vão olhar para o currículo, elas se importam com o tipo de especializ­ação que se fez: uma pós, um MBA ou um mestrado?

Existe um olhar para ver a coerência da carreira, tanto em relação ao que a pessoa fez em cargos que ela ocupou quanto ao lado acadêmico. Então, se a pessoa fez uma vertente de estudo muito distante do que ela atua no dia a dia, das duas uma: ou ela gosta daquilo e está tentando migrar para aquela área, e as empresas costumam ser abertas em relação a isso, ou se vai questionar o candidato. Existe esse questionam­ento, e é importante o candidato saber se explicar. Depende muito da coerência do que se fala.

Se o candidato almeja um cargo de gestão, o MBA então é o caminho que ele deve seguir?

Sim, justamente o MBA, nesse ponto da carreira, é o mais bem visto. Mas importante é ressaltar a questão do idioma: cada vez mais o inglês, principalm­ente, é um requisito que as empresas têm pedido. Algumas vão além, com o espanhol. Se ele for um analista, estiver na base da pirâmide, não tiver o inglês e tiver de optar entre o MBA e o idioma, é melhor fazer aula de língua. Mas, se ele almeja um cargo de gestão no futuro, o MBA vai ser um diferencia­l.

O MBA é mais bem visto do que os cursos de especializ­ação, então?

Sim, o MBA e todos esses cursos mais genéricos que dão uma pincelada em todas as áreas da empresa, de Gestão de Negócios, ajudam. E o MBA tem a questão do networking também. Ter contatos, uma visão mais ampliada de mundo, também ajuda o profission­al.

É importante a pessoa conversar com seus gestores para ver o que eles recomendam antes de começar um curso de pós-graduação?

Sim, com certeza. Existem empresas que até tentam subsidiar o curso do funcionári­o, direcionar a pessoa em gaps (dificuldad­es/lacunas) que se observam no dia a dia, e de repente o curso pode ser escolhido para suprir esse ponto. É legal ser aberto com o gestor, para ter um plano de carreira, definir em que áreas tem interesse, se almeja crescer, para ter uma ideia das perspectiv­as e saber quais são os requisitos que a empresa costuma exigir para o cargo que se pretende. Se fizer o curso na surdina e avisar, do dia para noite, que se matriculou no MBA, pode vir a descobrir que o gestor poderia ter ajudado. Perde-se uma oportunida­de. Quando a gente fala de mestrado pensa em setor acadêmico. Como as empresas veem um profission­al que tirou um período sabático para estudar?

Existe o perfil de quem se formou e automatica­mente foi para o mestrado e a pessoa agora quer entrar no mercado de trabalho e de quem tirou um período para estudar. Se a pessoa não tiver nenhuma experiênci­a no mundo corporativ­o, ela enfrenta um pouco mais de dificuldad­e. Precisa de (encontrar) uma empresa que valorize muito o intelecto. Agora se é uma pessoa que trabalhava em uma empresa e saiu por causa de um mestrado e quer voltar, rapidament­e volta. A empresa vê com bons olhos porque vai usufruir daquele investimen­to.

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ROBERT HALF

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