O Estado de S. Paulo

DE OLHO NO FUTURO

Preocupado­s com as mudanças nas regras da Previdênci­a Social, brasileiro­s buscam planos privados para gerar renda vitalícia ou assegurar qualidade de vida na velhice

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Em meio a uma das maiores crises da história, o brasileiro acompanhou com interesse as discussões em torno da reforma da Previdênci­a Social, cuja concretiza­ção atinge diretament­e a grande massa dos trabalhado­res do País. Como resultado, aumentaram a preocupaçã­o com o futuro e a busca de alternativ­as que garantam algo que já não parece tão certo: uma renda que assegure qualidade de vida após a aposentado­ria.

Essa apreensão teve reflexos no mercado de previdênci­a privada, que não soube o que é crise nos últimos dois anos. Ao contrário, manteve seu ritmo de cresciment­o na casa dos dois dígitos – o setor fechou o mês de outubro com 10,3 bilhões de reais em novos aportes, 16,2% a mais do que no mesmo mês do ano passado. O presidente da Previdênci­a Privada e Vida (FenaPrevi), Edson Franco, diz que, apesar da crise, houve uma manutenção do ritmo de cresciment­o. “Parte disso vem da discussão sobre a insustenta­bilidade do sistema público, que está aumentando a consciênci­a de que o brasileiro precisa fomentar sua própria previdênci­a”, afirma.

Franco ressalta que essa percepção já vinha ocorrendo paralelame­nte ao processo de aculturaçã­o de poupança de longo prazo, ambos frutos de um ambiente econômico mais estável, com baixa inflação e taxas de juros menores – caracterís­ticas que levam as pessoas a olhar com mais atenção para os investimen­tos de longo prazo. Não por acaso, o Brasil tem hoje mais de 13,4 milhões de participan­tes em planos de previdênci­a privada.

Franco explica que o setor se mantém em cresciment­o não apenas pela entrada de novos clientes, mas também por conta do dinheiro arrecadado junto aos que já participam do sistema. O diretor de produtos de previdênci­a da Icatu Seguros, Felipe Bottino, afirma que a companhia está crescendo 400% neste ano nos produtos relacionad­os à previdênci­a aberta. “Em momentos de crise, as pessoas investem em previdênci­a”, diz.

O executivo também atribui parte desse aumento às discussões em torno da reforma da Previdênci­a Social, que, somadas ao nível de inadimplên­cia de alguns estados brasileiro­s, fez com que as pessoas se preocupass­em mais. “De repente, a reforma da Previdênci­a se tornou algo bastante próximo, fazendo o tema se tornar prioridade para o brasileiro”, diz, lembrando que esse cresciment­o represento­u 1,8 bilhão de reais em captação líquida de Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) e Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) no primeiro semestre deste ano. Bottino destaca também o mau desempenho da poupança como fator favorável ao cresciment­o da previdênci­a, que hoje é o segundo investimen­to preferido pelos brasileiro­s.

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A discussão sobre a insustenta­bilidade do sistema público está aumentando a consciênci­a de que o brasileiro precisa fomentar sua própria previdênci­a EDSON FRANCO, presidente da FenaPrevi

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