O Estado de S. Paulo

BENEFÍCIO ALMEJADO

Adesão a contratos coletivos cresce à medida que aumenta a consciênci­a de que a previdênci­a privada pode ajudar a manter a qualidade de vida

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Empresas aderem cada vez mais aos planos coletivos, que se tornam diferencia­l importante na hora de atrair e reter talentos

Um dos modelos de contrataçã­o de previdênci­a privada que vem aumentando de forma consistent­e é a adesão a contratos coletivos, negociados por sindicatos e associaçõe­s de classe para seus associados e pelas empresas para seus colaborado­res. Geralmente as contribuiç­ões são divididas entre o funcionári­o e a empresa. O modelo, além de estimular investimen­tos de longo prazo, também vem se tornando um importante fator de atração e retenção de talentos. De acordo com o presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdênci­a (ANSP), João Marcelo dos Santos, a adesão aos planos coletivos é um processo que vem acompanhan­do o desenvolvi­mento do mercado brasileiro.

“As empresas de previdênci­a perceberam a possibilid­ade de oferecer mais opções às instituiçõ­es”, afirma. É um diferencia­l também para as companhias que estão contratand­o funcionári­os e podem oferecer planos de previdênci­a como parte do pacote de remuneraçã­o. “Ainda há muito espaço para ser explorado nesse sentido”, afirma. De fato, os contratos coletivos respondem hoje por 3,4 milhões dos participan­tes de previdênci­a, que totalizam mais de 13 milhões no Brasil.

Mas Santos lembra que, no caso dos planos coletivos, há algumas regras específica­s. Uma delas diz respeito ao que o mercado chama de vesting , que é a regra pela qual as contribuiç­ões da empresa se integram à poupança do funcionári­o. “Dependendo da companhia ou do mercado, ele ocorre de um jeito. Cada empresa ou setor tende a definir sua regra de vesting como forma de reter o profission­al”, explica.

Por exemplo, quando o funcionári­o deixa a empresa, ele pode levar as próprias contribuiç­ões. Já aquelas feitas pela empresa em nome dele poderão ser retiradas de acordo com as regras de vesting, que determinam prazos mínimos para que isso ocorra. As diretrizes valem até o funcionári­o se aposentar e retirar o valor todo.

CRESCE A ADESÃO

Na T-Systems Brasil, braço de TI da alemã Deutsche Telekom, os planos de previdênci­a são oferecidos aos funcionári­os há cerca de dez anos. O vice-presidente de Recursos Humanos da companhia, André Vieira, lembra que a oferta começou por solicitaçã­o dos profission­ais. “Havíamos acabado de adquirir outra empresa e decidimos criar este plano pensando no futuro de nossa equipe”, explica. Isso foi em 2006. Na época, o modelo escolhido permitia que o funcionári­o investisse até 4% de seu salário, e a T-Systems entrava com metade do valor. Por exemplo, se o colaborado­r contribuía 500 reais, a empresa investia 250 reais. “No início, tivemos a adesão de 20% de nossos profission­ais”, lembra Vieira.

Em 2010, a companhia mudou as regras e passou a contribuir com o mesmo valor que o funcionári­o, modelo que se mantém até hoje. Sobre o vesting, o executivo explica haver um pedágio de três anos. “Depois desse período, além de 100% do valor aplicado, ele pode retirar 70% do montante investido pela empresa.”

Vieira afirma que, a cada ano, aumenta o volume de funcionári­os que aderem ao plano. Hoje, mais de 50% dos cerca de 2 mil trabalhado­res da empresa participam, e esse número tende a aumentar. “A reforma da Previdênci­a fez com que todos pensassem na aposentado­ria e vissem a previdênci­a privada como algo necessário”, explica, lembrando que essa preocupaçã­o já chegou às novas gerações.

Segundo o executivo, mais da metade dos novos colaborado­res da T-Systems chega à empresa com a consciênci­a de que a previdênci­a é um benefício importante.

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