O Estado de S. Paulo

‘Justiça boa é Justiça rápida’, diz Ciro

Pré-candidato à Presidênci­a afirma que, apesar da presunção de inocência de Lula, não se pode ‘inverter as coisas’; PT rebate declaraçõe­s

- Ricardo Galhardo Thiago Faria / BRASÍLIA

Declaraçõe­s do pré-candidato Ciro Gomes (PDT) sobre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), marcado para o dia 24 de janeiro, causaram reações da cúpula petista. Em vídeo divulgado ontem nas redes sociais, Ciro disse que, apesar da presunção de inocência à qual Lula tem direito, “não se pode inverter as coisas” e “Justiça boa é Justiça rápida”.

O tesoureiro nacional do PT, Emídio de Souza, rebateu a declaração. “Justiça boa não é a rápida nem a lenta. É a justa. A que não queima etapas. A que se guia pela regra não por quem é o réu. Ciro é tão apressado quanto a própria Justiça”, afirmou.

Até ontem, setores do PT cogitavam a possibilid­ade de apoio a Ciro caso Lula fique impedido de concorrer na reta final da eleição de 2018. Depois da decisão do TRF-4 e da declaração de Ciro, a hipótese fica ainda mais improvável.

A fixação do prazo para julgamento de Lula também tem impacto em outros setores da esquerda como, por exemplo, o PSOL. O partido aguarda uma resposta de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto (MTST), ao convite para ser candidato a presidente pela legenda.

Lideranças do PSOL comentavam que o maior entrave para a decisão de Boulos é a fidelidade do líder sem-teto a Lula. Boulos estaria esperando uma decisão da Justiça antes de aceitar o convite. O partido chegou a estipular prazo até o fim de janeiro para Boulos anunciar a decisão. Agora, com o prazo definido para janeiro, o PSOL avalia que aumentou a chance de o líder do MTST aceitar o convite.

‘Fila’. Boulos disse ontem que o tribunal “perdeu o pudor” ao marcar o julgamento para janeiro. “TRF-4 perde qualquer pudor, fura a fila de todos os processos e marca julgamento de Lula em tempo recorde. Não preservam nem sequer as aparências. Quando juízes fazem política não se pode falar em democracia”, disse o líder do MTST nas redes sociais.

Pré-candidato do PSDB à Presidênci­a e presidente da sigla tucana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, preferiu não comentar a possibilid­ade de Lula ser impedido de disputar a eleição. “Nós não entramos na parte jurídica. Decisão judicial se respeita. Nós tratamos da questão política. Temos divergênci­as com o PT em inúmeros campos. Contamos que a candidatur­a do PT, de quem vai ser candidato, é um assunto interno. O PSDB estará apresentan­do um grande projeto para o País”, disse Alckmin.

Na convenção tucana que apontou Alckmin como presidente do partido, no sábado, o governador havia dito que a ilusão do PT “acabou em pesadelo”. “O Brasil vive uma ressaca, descobriu que a ilha da fantasia petista não foi terra prometida”, disse, em discurso de précandida­to ao Planalto.

‘Justa’

“Justiça boa não é a rápida nem a lenta. É a justa. A que não queima etapas.” Emídio de Souza TESOUREIRO NACIONAL DO PT

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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO-3/2/2017 Críticas. Declaraçõe­s de Ciro Gomes sobre o julgamento de Lula já colocam em xeque possível aliança com PT em 2018

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