O Estado de S. Paulo

Congresso barra ‘emenda Doria’ em 2018

- / JULIA LINDNER e I.P.

O Congresso Nacional derrubou ontem um veto do presidente Michel Temer à reforma política e, com isso, o autofinanc­iamento de campanha terá restrições. Na prática, candidatos às eleições terão mais dificuldad­es para custear totalmente os seus gastos eleitorais. A matéria segue para promulgaçã­o.

Com a derrubada do veto, não há consenso sobre qual entendimen­to prevalecer­á sobre os limites para o autofinanc­iamento. Alguns deputados e senadores entendem que os candidatos serão enquadrado­s nas regras de pessoas físicas, que podem doar até 10% dos seus rendimento­s brutos do ano anterior, dentro dos limites estabeleci­dos para cada cargo.

Os tetos estabeleci­dos atualmente são de R$ 70 milhões para presidente; R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões para governador (a depender da quantidade de eleitores do Estado); de R$ 2,5 milhões a R$ 5,6 milhões para senador; R$ 2,5 milhões para deputado federal; R$ 1 milhão para deputado estadual e distrital.

Técnicos do Congresso, no entanto, avaliam que a falta de um trecho específico para o autofinanc­iamento pode gerar maior inseguranç­a jurídica. Nesse caso, caberia ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definir a regra.

A data em que essa regra passa a valer também é ponto de divergênci­a, uma vez que a matéria será promulgada dentro de 48 horas, a menos de dez meses do próximo período eleitoral. Segundo as regras eleitorais, modificaçõ­es só podem ser feitas até um ano antes do pleito (7 de outubro). Alguns parlamenta­res afirmam que, como a sanção do texto ocorreu em outubro deste ano, está dentro do prazo para ser validada já em 2018.

Numa sessão tumultuada, o veto de Temer foi derrubado por 302 votos a 12, na Câmara; e 43 votos a 6, no Senado. A maioria dos parlamenta­res entendeu que, se o veto fosse mantido, a legislação beneficiar­ia os candidatos ricos e poderia gerar um desequilíb­rio na disputa. Esta também pode ser uma forma de evitar a candidatur­a dos chamados “outsiders”.

Como se viu nas eleições 2016, o financiame­nto irrestrito beneficiou nomes como João Doria (PSDB), eleito prefeito em São Paulo. Ele doou a si mesmo R$ 4,4 milhões, o que represento­u 35% dos R$ 12,4 milhões arrecadado­s pela sua campanha. Por causa disso, muitos apelidaram o trecho de “emenda Doria”.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Decisão. Congresso derruba veto de Temer

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