O Estado de S. Paulo

Bretas diz que teme ‘manobra’ de políticos

- Daniel Weterman

O juiz federal Marcelo Bretas, responsáve­l pelos processos da Operação Lava Jato no Rio, afirmou que teme alguma “manobra” de políticos ainda neste ano contra o combate à corrupção no País. Sem citar especifica­mente sobre qual tentativa estava se referindo, Bretas afirmou que políticos podem aprovar alguma lei “entre um Jingle Bells e uma rabanada”.

“Nós estamos nos aproximand­o agora do fim do ano. É possível que entre o dia 25, entre um Jingle Bells e uma rabanada, aprove-se alguma lei”, afirmou o magistrado em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, exibida na madrugada de ontem. Para o juiz, o senso de autopreser­vação dos políticos coloca o País sob o risco de se aprovar leis para impedir o avanço de investigaç­ões. Mais uma vez, Bretas disse ser contra o foro privilegia­do.

Durante a entrevista, o magistrado reforçou que seu trabalho está pautado na análise técnica dos processos, e não em inclinação política. “Às vezes se diz que o Judiciário está perseguind­o os políticos, isso não é verdade. Nós não perseguimo­s, mas também não protegemos.”

Responsáve­l pela ordem de prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e por duas das sentenças que, no total, condenaram o político a sete décadas de pena, Bretas destacou ainda que “juiz não é político” e que não tem nenhuma aspiração na vida política.

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