Theresa May sofre dura derrota no Parlamento britânico.
Desconfiados de promessa da premiê, deputados aprovam emenda ao Brexit que exige aprovação parlamentar ao processo de saída do Reino Unido da UE
O governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, sofreu uma dura derrota ontem em relação ao Brexit, o “divórcio” do Reino Unido da União Europeia. Os parlamentares decidiram que qualquer acordo em relação à saída do país do bloco europeu terá de ter sua aprovação – o que, segundo o gabinete da premiê, pode atrasar e colocar em risco o processo.
May já estava enfraquecida, após ter perdido a maioria no Parlamento nas eleições que convocou em junho. A premiê tinha prometido que ambas as Casas votariam sobre o acordo final do Brexit, mas resistia a se comprometer por escrito que essa votação seria vinculante. Ontem, May reiterou a promessa.
Foi o deputado Dominic Grieve – do Partido Conservador, o mesmo da premiê – que apresentou a emenda solicitando a votação “verdadeiramente significativa” do Parlamento em relação ao Brexit. Em declarações à Sky News, o parlamentar negou ser um rebelde, esclarecendo que exigir por escrito e explicitamente a votação vinculante garante que a primeira-ministra cumpra sua promessa – que, poderia ser quebrada.
“O governo nos disse que, no fim do ano que vem, haverá um processo no Parlamento para validar e aprovar o acordo”, afirmou Grieve. A emenda que deu aos 650 deputados britânicos maior influência sobre o Brexit foi aprovada com 309 votos – 305 parlamentares votaram contra. Até o último momento de um intenso debate na Câmara Baixa, a equipe de May tentou convencer os deputados de seu partido a desistirem de suas exigências.
Reação. “Estamos desapontados pelo fato de o Parlamento ter votado a favor dessa emenda, apesar das fortes garantias que oferecemos”, declarou o governo, em comunicado. “Essa emenda não nos impede de preparar nossa legislação para o dia da saída. Determinaremos agora se mudanças futuras serão necessárias para que a lei (do Brexit) garanta que o processo cumpra seu propósito fundamental.”
O Reino Unido tem até 29 de março de 2019 para concluir o Brexit. Após ter chegado a acordo em relação a temas-chave, como o status da fronteira irlandesa, a compensação financeira a ser paga pelos britânicos e os direitos dos expatriados, May deve viajar hoje para Bruxelas, onde tem reunião marcada com representantes da Comissão Europeia.
Promessa
“O governo nos disse que, no fim do ano que vem, haverá um processo (de votação) no Parlamento” Dominic Grieve
DEPUTADO CONSERVADOR