O Estado de S. Paulo

União não tem como cobrir déficit de infraestru­tura

Ministro do Planejamen­to afirmou em evento realizado pelo ‘Estadão’ que estratégia do governo é estimular o investimen­to privado para estimular setor

- Caio Rinaldi Thaís Barcellos Letícia Fucuchima

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, afirmou que os recursos da União não são suficiente­s para resolver todo o déficit que o País tem na área de infraestru­tura. Oliveira participou do Fórum Estadão Infraestru­tura: Investimen­tos e Geração de empregos, realizado ontem em São Paulo.

Segundo Oliveira, a estratégia do governo é estimular o investimen­to privado. O ministro citou o Programa de Parcerias de Investimen­to (PPI), que, segundo ele, já trouxe R$ 30 bilhões em outorgas. As concessões feitas até agora representa­m R$ 69 bilhões de investimen­to em infraestru­tura ou mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), disse o ministro, acrescenta­ndo que os 89 projetos em carteira representa­m R$ 103 bilhões em investimen­to.

O presidente da Inter.B Consultori­a, Claudio Frischtak, também presente no evento, concorda com o ministro. Segundo Frischtak, para modernizar a infraestru­tura brasileira, é preciso que 4,15% do Produto Interno Bruto (PIB) seja investido na área por 20 anos. Hoje, segundo ele, os recursos investidos representa­m apenas 1,4% do PIB.

Para Frischtak, com o Estado brasileiro quebrado, numa situação fiscal dramática, o investimen­to tem de vir do setor privado. “Este ano, chegamos ao fundo do poço em termos de investimen­to em infraestru­tura e, possivelme­nte, também em construção civil.”

Por sua vez, o presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestru­tura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, afirmou que o aumento da participaç­ão do setor privado nos investimen­tos, até mesmo por sua natureza, não será suficiente para solucionar os problemas da infraestru­tura brasileira. Ele explicou que as empresas seguem a lógica do retorno e não farão aportes em projetos onde não se tenha perspectiv­a de lucro.

Dados apresentad­os por Tadini apontam que o investimen­to em infraestru­tura tem de crescer 3% em 2018 apenas para a depreciaçã­o de máquinas e equipament­os, mas precisa chegar a 4% para recompor o hiato hoje existente no setor.

Na análise do coordenado­r de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Armando Castelar, muito mais sério do que investir pouco, o Brasil investe muito mal. “Muito do dinheiro investido em infraestru­tura está parado, gerando nada. Os recursos são mal investidos porque escolhemos mal os projetos, não temos planos de investimen­to em infraestru­tura.”

Durante o evento, Castelar ainda levantou a questão da falta de sinergia nos projetos de infraestru­tura. “Não se estuda como um projeto interage com outros projetos. É tudo feito nas emergência­s. Há muita interferên­cia política, se escolhem projetos que geram resultados eleitorais e não os projetos mais importante­s.”

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PATRICIA CRUZ / ESTADÃO Balanço. Ministro Dyogo Oliveira disse que PPI trouxe R$ 30 bilhões em outorgas

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