O Estado de S. Paulo

Clã da velocidade

Pietro e Enzo, netos de Fittipaldi, sonham com a F-1.

- Ciro Campos / COLABOROU FELIPE ROSA MENDES

Recorrer ao passado pode ser a solução para o futuro do Brasil na Fórmula 1. Se em 2018 o grid de largada não terá pilotos do País pela primeira vez desde 1969, um dos caminhos para voltar a ter representa­ntes é exatamente apostar na terceira geração dos Fittipaldi, o sobrenome responsáve­l por fixar a presença brasileira na categoria.

Pietro Fittipaldi, 21 anos, pode ser o quarto da família a correr na F-1. O atual campeão da World Series estuda uma categoria para disputar em 2018 e tem a japonesa Super Fórmula como uma das possíveis escolhas. Se o sonho se concretiza­r, Pietro vai repetir o feito do primo de segundo grau, Christian, do tioavô, Wilson, e do avô, Emerson.

De passagem pelo Brasil para compromiss­os profission­ais, o piloto visitou o Estado ontem junto com o irmão Enzo, de 16 anos, outro que sonha com a Fórmula 1. Os dois participar­am do programa Estadão Esporte Clube, transmitid­o ao vivo pelo Facebook, e comentaram sobre a expectativ­a em perpetuar o sobrenome famoso na pista.

“Minha meta é estar lá o mais rápido possível. Acho que estarei pronto para avançar esse degrau quando for a hora. É uma decisão que precisa ser pensada”, disse Pietro, nascido nos Estados Unidos. A mãe dele é Juliana Fittipaldi, filha do bicampeão mundial. Desde a estreia de Emerson na categoria, em 1970, até o fim de 2017, com o adeus de Felipe Massa, o Brasil manteve pelo menos um representa­nte no grid da F-1.

O compasso de espera para chegar à principal categoria do automobili­smo mundial requer paciência e sabedoria. Pietro, por exemplo, foi cotado para assumir uma vaga de titular na Sauber no próximo ano, algo que são se concretizo­u depois. Além disso, ele avalia em qual categoria correr de acordo com a competitiv­idade. A Fórmula 2 seria um degrau mais óbvio, no entanto não fornece opções muito atrativas no momento.

O trabalho para chegar ao objetivo em breve, a Fórmula 1, está intenso neste fim de temporada. Pietro celebrou o título da categoria em um confronto com o ídolo Fernando Alonso. O piloto teve a chance de testar em Bahrein um carro utilizado nas 24 Horas de Le Mans e foi mais rápido do que o espanhol.

Fora das pistas também há atividade. O avô Emerson levou o neto para encontrar ex-pilotos e dirigentes de equipes durante o GP do Brasil, em Interlagos, no mês passado. Uma das conversas foi com o francês Alain Prost, conselheir­o técnico da escuderia Renault. “Tive uma reunião com a equipe e estamos vendo possibilid­ades para a Fórmula 1. O Alain Prost me perguntou sobre a minha carreira e me deu algumas dicas”, contou.

“O Pietro está muito bem. Neste ano ele ganhou várias corridas e está no caminho certo para chegar à Fórmula 1. O timing é que a gente não sabe: um ano, dois anos, três anos. Estamos torcendo”, comentou Emerson Fittipaldi. O sobrenome não é a única razão do cresciment­o do piloto. Pietro, que é palmeirens­e como o seu irmão, Enzo, contou com o apoio dos pais e o amparo do programa de desenvolvi­mento de pilotos mantido pelo magnata mexicano Carlos Slim. Seu pai, Gugu da Cruz, disse ter vendido uma empresa e investido muitos recursos para manter o sonho de Pietro e do irmão mais novo, Enzo, atual piloto da Academia Ferrari. “O Pietro é muito dedicado e focado. Meu filho não sai, não é de ir em festas e não bebe. É o primeiro a chegar na equipe e o último a sair. Por isso ele se destacou”, comentou.

O futuro candidato à Fórmula 1 de nome italiano e nascido nos Estados Unidos mantém ativa a ligação com o Brasil. À distância, tenta acompanhar os jogos e o noticiário do Palmeiras, fora os hábitos alimentare­s.

“A comida onde moro, na Inglaterra, não é tão boa. Então, sempre tento cozinhar um arroz com feijão. É costume brasileiro, não tem como dispensar”, comentou. Fã de tradições, Pietro espera renovar a principal delas: a dinastia Fittipaldi na Fórmula 1.

 ?? SERJAO CARVALHO/ESTADÃO ?? Em família. Pietro, 21 anos, e Enzo, 16, seguiram os passos do avô, Emerson, do primo, Christian, e do tio-avô Wilson: automobili­smo de geração em geração
SERJAO CARVALHO/ESTADÃO Em família. Pietro, 21 anos, e Enzo, 16, seguiram os passos do avô, Emerson, do primo, Christian, e do tio-avô Wilson: automobili­smo de geração em geração

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