O Estado de S. Paulo

PF descarta crimes de ministros do STF

Em áudio revelado em setembro, Joesley e Ricardo Saud citam 3 membros da Corte

- Fabio Serapião Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA

A Polícia Federal descartou a ocorrência de crimes envolvendo as citações a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) feitas pelo empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, e o executivo Ricardo Saud, no áudio gravado por eles e entregue ao Ministério Público Federal (MPF), segundo apurou o Estado.

Hoje, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, deve entregar pessoalmen­te à presidente do Supremo, Cármen Lúcia, o relatório elaborado pela corporação, que sugere o arquivamen­to das investigaç­ões. Os dois têm uma reunião marcada para as 10 horas, no gabinete da ministra.

Em setembro, Cármen exigiu que a Polícia Federal e a Procurador­ia-Geral da República (PGR) fizessem uma “investigaç­ão imediata”, e com data definida para conclusão, sobre as menções a integrante­s da Corte feitas por Joesley e Saud. A determinaç­ão ocorreu após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixou o cargo em 18 de setembro, determinar a abertura de investigaç­ão para apurar o caso. À época, Janot citou as suspeitas sobre ministros do STF.

A presidente do Supremo chegou a gravar um pronunciam­ento em vídeo no qual disse que a “dignidade institucio­nal” do STF e a “honorabili­dade de seus integrante­s” foram agredidas “de maneira inédita na história do País”. “Impõe-se, pois, com transparên­cia absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiro­s a um Judiciário honrado”, afirmou Cármen à época.

Nas mais de quatro horas de conversas gravadas, os interlocut­ores falam sobre “dissolver o Supremo” da mesma forma que, nas palavras de Joesley Batista, a Odebrecht “moeu” o Legislativ­o. No áudio, eles citam o nome de três ministros – Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia, mas não havia menção ou atribuição a algum tipo de crime. O acordo de delação dos executivos do Grupo J&F, após esse episódio, foi rompido por Janot.

Em entrevista ao Estado publicada no mês passado, Cármen prometeu apresentar o resultado das investigaç­ões à sociedade. “Eu não vou terminar o mês de dezembro sem voltar a esse assunto, porque, se alguém falou, alguém precisa me dar resposta. Até porque qualquer declaração teria de ser investigad­a.

A investigaç­ão sobre ministro de Supremo tem de ser feita, porque não pode pairar... Não é uma névoa, não. É nenhuma gota de dúvida (pode pairar) sobre a correição, a licitude de todos os atos de ministros do Supremo Tribunal ou de qualquer juiz”, disse.

JBS. Em sessão esvaziada, a CPI Mista da JBS aprovou o relatório final. Os pontos mais polêmicos foram retirados para que houvesse acordo pela aprovação. Entre os itens suprimidos estão o pedido de indiciamen­to do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e as recomendaç­ões de mudanças específica­s na lei que trata das delações premiadas. Foram mantidos os pedidos de Miller, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, além do executivo da J&F Ricardo Saud. / CONSTANÇA REZENDE e THIAGO FARIA

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UESLEI MARCELINO/REUTERS - 20/11/2017 Comando. Fernando Segovia, em novembro, durante a sua posse como diretor-geral da PF

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