O Estado de S. Paulo

Pauta da Assembleia de SP eleva gastos para Alckmin

Pressão. Após assumir a presidênci­a do PSDB, o governador Geraldo Alckmin vê sua base aliada na Assembleia Legislativ­a pressionar por aumento de gastos em 2018

- Adriana Ferraz

Cinco dias após assumir a presidênci­a nacional do PSDB, o governador Geraldo Alckmin vê sua base aliada na Assembleia colocar em votação temas que podem fazer o governo aumentar seus gastos em R$ 1,4 bilhão. A “pauta-bomba” inclui o pagamento de emendas parlamenta­res (aprovada na madrugada de hoje) e salários de uma elite do funcionali­smo. O governo conseguiu aprovar lei do teto estadual.

Menos de uma semana após assumir a presidênci­a nacional do PSDB, o governador Geraldo Alckmin vê sua base aliada na Assembleia Legislativ­a colocar em votação uma “pauta-bomba” que pode fazer o governo aumentar e não reduzir seus gastos, ao menos com o pagamento de emendas parlamenta­res e salários de uma elite do funcionali­smo. Para aprovar ontem a Lei do Teto Estadual, uma contrapart­ida para fazer valer a renegociaç­ão da dívida com a União, os aliados do tucano exigiram negociar duas propostas de emenda à Constituiç­ão avaliadas em R$ 1,4 bilhão.

A primeira delas passou em segunda votação por volta da meia-noite de ontem e valerá já em 2018. Com a PEC do Orçamento Impositivo – que obriga Alckmin a liberar recursos para deputados aplicarem em projetos de sua escolha –, o total de emendas que cada parlamenta­r poderá indicar por ano passará de R$ 2 milhões para cerca de R$ 4,7 milhões, o que equivale a 0,3% de toda a receita corrente líquida do orçamento.

Levando-se em conta que são 94 parlamenta­res estaduais em São Paulo, o valor total poderá ser ampliado em 134% – saindo dos atuais R$ 188 milhões previstos para R$ 441,8 milhões. Além de mais do que dobrar os recursos indicados por deputados, a PEC ainda torna a liberação dessa verba impositiva, ou seja, obrigatóri­a. A partir do ano que vem, não caberá mais ao Palácio dos Bandeirant­es definir qual emenda será liberada e quando.

Para o autor da PEC, o deputado Campos Machado (PTB),

sua aprovação vai dar independên­cia ao Legislativ­o. “Essa PEC será a maior conquista da Assembleia em 40 anos. Será a independên­cia dos deputados, especialme­nte os da oposição, que não têm liberadas suas emendas. Não vamos mais ter deputados de primeira e de segunda classes”, disse Machado.

“Não vivo de emendas, tenho votos espalhados por todo o Estado, mas sou favorável à aprovação dessa PEC porque o governo Alckmin não libera os recursos, não cumpre o combinado”, afirmou Delegado Olim (PP). Também representa­nte da “bancada da bala”, Coronel Camilo (PSD) disse que os deputados não têm outra opção a não ser apoiar a PEC.

“Chegamos a esse ponto porque o governo deixou de aplicar as emendas indicadas pelos deputados nos últimos três anos. E é preciso que se deixe claro que as emendas são importante­s para a população. Elas não são recursos para o deputado, mas para as cidades, para

saúde, educação”, disse.

O secretário da Casa Civil, Samuel Moreira, disse que não há “traumas” em relação à PEC do Orçamento Impositivo, uma vez que ela não necessaria­mente acarretará em um aumento de gastos, apenas em um remanejame­nto de verbas dentro do orçamento. A pasta, no entanto, negociava até ontem um porcentual menor, de 0,2% da receita e não 0,3%, como querem os deputados, o que não passou. “Além disso, os recursos continuarã­o sendo aplicados em saúde e nos programas do governo”, disse o secretário da gestão Alckmin.

Pressão.

Proposta em 2015, a PEC ficou dois anos parada e entrou na pauta justamente na semana em que Alckmin viu a pressão sobre ele aumentar tanto no campo estadual quanto no federal. Aliado histórico do governador, Machado declarou ontem em plenário que só aceitou votar e pedir votos pelo projeto que congelou por dois anos os gastos estaduais pela correção da inflação porque o governo decidiu debater mais uma PEC, a mais polêmica delas, que amplia em R$ 1 bilhão por ano os gastos com o funcionali­smo.

Segundo a proposta, o Estado deixaria de usar o salário do governador (R$ 21,6 mil) como referência para o teto do funcionali­smo estadual, estabelece­ndo como novo limite o vencimento dos desembarga­dores do Tribunal de Justiça (R$ 30,4 mil). Com efeito cascata, em meio à crise econômica, a medida é questionad­a por Alckmin, que já declarou disposição de ir ao Supremo para contestá-la.

“Não queremos interferir no Poder Legislativ­o, mas a nossa posição é contrária. Há uma preocupaçã­o no governo diante da possibilid­ade de se aumentar o teto do funcionali­smo neste momento de dificuldad­e para o País e para a população. Isso sem falar que o novo governo já assumiria tendo de arcar com esse custo”, afirmou Moreira.

Apesar da posição do governo, a base de Alckmin marcou para segunda-feira uma reunião extra do colégio de líderes para debater a PEC e tentar pautar sua votação. Por se tratar de uma emenda constituci­onal, o governador não pode vetar o texto. Se receber o aval dos deputados em duas votações, segue para promulgaçã­o na Assembleia.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Discussão. Deputados estaduais aprovam a renegociaç­ão da dívida de São Paulo com a União e estabelece­m teto de gastos
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ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA Gestão. Alckmin quer ser presidente

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