O Estado de S. Paulo

Governo deixa reforma da Previdênci­a para fevereiro

Nova aposentado­ria. Início da votação foi adiado para 19 de fevereiro, após um ano de discussão no Congresso; para obter apoio, o Planalto vai desidratar a proposta, benefician­do os funcionári­os públicos que entraram antes de 2003 com regras mais brandas

- BRASÍLIA

Depois de um ano de discussão, a reforma da Previdênci­a foi oficialmen­te adiada para fevereiro de 2018 e o governo se viu obrigado aceder mais uma vez, com agrado aos servidores públicos, para tentar angariar os 308 votos necessário­s para aprovar o texto na Câmara.

O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a votação começa em 19 de fevereiro .“Se votara Previdênci­a em fevereiro, março ou abril, teremos condições de tirar o assunto do processo eleitoral. A sociedade vai querer saber aposição de cada um .”

A proposta que endurece as regras para se aposentar no Brasil foi protocolad­a no Congresso no dia 5 de dezembro de 2016. O texto tramitou até de forma acelerada e chegou a ser aprovado na comissão especial em maio. Depois que agravação do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com o presidente Michel Temer, veio a público, a reforma foi deixada de lado por seis meses. Só foi resgatada depois que Temer conseguiu barrar na Câmara as duas denúncias apresentad­as contra ele pela Procurador­ia-Geral da República (PGR).

A proposta foi sendo desidratad­a ao longo das negociaçõe­s. A economia de R$ 600 bilhões em dez anos prevista inicialmen­te caiu para R$ 480 bilhões. Para retomara discussão da reforma e obter apoio do Congresso, o governo já tinha mantido a contribuiç­ão mínima de 15 anos como exigência para se aposentar (antes, a ideia era elevar para 25 anos). Os trabalhado­res rurais ficaram de fora das mudanças, assim como os idosos e pessoas com deficiênci­a de baixa renda.

Agora, o governo deve abrandar as regras para servidores que ingressara­m antes de 2003. Ontem, Maia disse que será apresentad­a em fevereiro uma nova mudança na regra de transição desses funcionári­os. Pelo texto aprovado na comissão especial, esses servidores precisaria­m cumprir as idades mínimas (65 anos para homens e 62 anos para mulheres) para manter o direito de receber como aposentado­ria o último salário e os mesmos reajustes dos funcionári­os da ativa. Ou poderiam se aposentar antes, conforme a regra de transição, mas sem os benefícios da integralid­ade e da paridade.

A ideia de Maia–ques e incumbiu de negociar anova regra com o funcionali­smo – é que os servidores não sejam obrigados a cumprir as idades mínimas definitiva­s, mas mesmo assim tenham de entregar um “pedágio” de 50% do tempo que falta para aposentar para ter direito aos benefícios.

O relator da reforma na Câmara, Arthur Oliveira Maia (PPSBA), afirmou que continua aberto a negociaçõe­s. Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o governo está discutindo pequenos ajustes na proposta, mas que qualquer item que comprometa a economia de forma substancia­l não será aceito .“Nossa ideiaé não reabrir negociaçõe­s. Mas temos de respeitara soberania do Congresso .”

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