‘Minha preocupação é com o uso descontrolado de robôs e fake news’
Líder de um dos principais movimentos políticos da classe artística, Lavigne defende a participação da sociedade na política
A produtora e atriz Paula Lavigne teve um ano de intenso ativismo. No apartamento em que mora com o cantor e compositor Caetano Veloso, no Rio, recebeu uma série de políticos – alguns deles presidenciáveis.
Líder do movimento de artistas batizado de 342, que defendeu a abertura das investigações contra o presidente Michel Temer, Paula disse ao Estado, em entrevista por e-mail, que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, poderiam qualificar o debate eleitoral, se fossem candidatos.
A produtora afirmou que o apresentador Luciano Huck é honesto e que não deve ser candidato à Presidência: “Ele não precisa se submeter à violência e ao baixo nível de uma campanha”. • Este foi o ano em que a classe artística e você se reencontraram com o ativismo político? Sem dúvida foi um ano atípico, pelo ritmo em que os retrocessos vieram. As causas nos atropelaram e nos mobilizaram. Como muitas pessoas, senti a necessidade de fazer alguma coisa diante de tamanha perda de direitos.
• Como foram os encontros com políticos em seu apartamento? Recebemos pedidos e sugestões de parte da classe artística que quer ouvir e debater com nomes da política nacional. É importante deixar claro que não é a classe toda, mas um grupo ao qual eu tenho acesso. Não temos restrição partidária, mas só convidamos pessoas do campo progressista. Recebemos o Ciro Gomes, a Marina Silva, o Joaquim Barbosa, o Fernando Haddad, o Guilherme Boulos e outros. E todos causaram excelente impressão ao apresentarem suas ideias sobre o Brasil.
• Como imagina o Brasil do ano que vem?
A minha preocupação com 2018 é com o uso descontrolado de robôs e difusão de fake news, que já ocorrem sem regulamentação. Precisamos ter essa preocupação, pois isso pode fazer muita diferença no cenário eleitoral.
• Já pensou em se candidatar? Não. Minha vocação não é ocupar cargos públicos, fazer negociações com quem discordo ou ter que agir diplomaticamente com pessoas cujas práticas desprezo. Meu perfil é outro. E temos de parar de achar que as pessoas só se engajam em causas por interesse próprio. Eu gosto de ser ativista do lugar onde estou e nele quero permanecer.
• O movimento 342 vai apoiar algum candidato? Você e Caetano Veloso pretendem subir em algum palanque?
O 342 existe em torno de causas. São elas que nos reúnem e agregam. Se houver algum candidato que represente o nosso conjunto de causas e a maioria do movimento decidir apoiar, isso pode acontecer.
• O que acha de uma eventual candidatura Joaquim Barbosa? Considero uma pessoa com importantes serviços prestados e que pode qualificar muito o debate eleitoral. O admiro e respeito muito. • Acha que seria uma boa ideia uma candidatura Luciano Huck? Luciano é um empreendedor, uma pessoa bastante arejada e honesta. Só acho que ele não precisa se submeter à violência e ao baixo nível de uma campanha.
• Qual sua opinião sobre Guilherme Boulos, do MTST?
O Boulos é uma liderança desse momento urgente da política brasileira, que necessita de nomes novos e identificados com as causas. Se for candidato, certamente dará muita qualidade ao debate político.