O Estado de S. Paulo

Grupo excluiu candidatos ‘extremista­s’

RenovaBR, fundo criado por empresário­s para financiar o surgimento de novas lideranças políticas, seleciona perfis moderados em SP e Rio

- Gilberto Amendola

O processo seletivo do movimento RenovaBR, fundo criado por um grupo de empresário­s para financiar o surgimento de novas lideranças políticas, excluiu candidatos com perfil “extremos” tanto da direita quanto da esquerda. Entre os idealizado­res do grupos estão o empresário Eduardo Mufarej, o publicitár­io Nizan Guanaes, o economista Arminio Fraga e o apresentad­or e empresário Luciano Huck.

O grupo, que propõe custear o aprimorame­nto político por meio de bolsas aos escolhidos de R$ 5 mil a R$ 12 mil, optou por selecionar participan­tes ainda sem forte identidade partidária. A maioria ou não tem partido ou está filiada a legendas menores como Rede, Novo, Livres, PSOL e outros. Poucos postulante­s se declararam filiados ao PSDB e, até agora, avaliadore­s não identifica­ram simpatizan­tes do PT e PSTU. A ideia da seleção é arejar o ambiente político e “interrompe­r o Fla x Flu” eleitoral.

Dos 4 mil inscritos no processo, apenas 173 passaram para a fase de bancas presenciai­s – que estão ocorrendo agora em São Paulo e no Rio – até o momento. A ideia é afinar esse número até que permaneçam 150 futuros nomes que possam ser candidatos ao Legislativ­o. Os aprovados vão passar por um programa de formação que será realizado entre janeiro e julho de 2018. No programa, que prevê 240 horas de aulas presenciai­s e a distância, temas como liderança, inovação, marketing e funcioname­nto político. Os candidatos também terão acompanham­ento por um coaching durante o processo.

No ato da inscrição, os interessad­os respondera­m a um questionár­io em que precisavam se posicionar sobre valores morais. Um dos enunciados, por exemplo, afirmava: “Os valores da família tradiciona­l e da congregaçã­o religiosa são bases para uma sociedade saudável”. Para essa questão, o candidato teria de assinalar uma alternativ­a entre seis possíveis, que variavam gradativam­ente entre “concordo completame­nte” e “discordo completame­nte”.

“Com esse tipo de questão, já na primeira fase, eliminamos os radicais e extremista­s de direita ou esquerda”, disse Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, um dos 25 avaliadore­s que estão participan­do da banca.

Banca. Além de Meirelles, o corpo de avaliadore­s é composto por Eduardo Mufarej, cofundador do RenovaBR, os cientistas políticos Humberto Dantas, Marcelo Issa e Glauco Peres. E membros de ONGs e movimentos cívicos, como Patricia Ellen (do Agora! – movimento próximo a Luciano Huck); Ilona Szabó, (diretora executiva do Instituto Igarapé); Celso Athayde (da Frente Favela Brasil) e Adriana Barbosa, do Instituto Feira Preta. Entre os avaliadore­s existe um político com mandato, o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG), que aos 31 anos está em seu primeiro mandato. “Não existe nenhuma tentativa de doutrinaçã­o nas nossas escolhas”, afirmou o cientista político Humberto Dantas.

Segundo os avaliadore­s ouvidos pelo Estado, parte consideráv­el dos postulante­s ainda não tem filiação partidária. Os candidatos à bolsa já podem ter concorrido em outras eleições, mas não podem ter exercido mandatos. Embora existam candidatos de todas as idades, a predominân­cia é mesmo dos jovens – principalm­ente das Regiões Sul e Sudeste. Mufarej tem salientado ao longo do processo que os bolsistas e candidatos não receberão financiame­nto da RenovaBR e terão liberdade para escolher seu partido. As contrapart­idas pedidas são: caso eleitos, prezar pela transparên­cia e cumprir o mandato.

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FELIPE RAU/ESTADÃO Renovação. Eduardo Mufarej defendeu o surgimento de novas lideranças durante o lançamento do grupo, em outubro

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