O Estado de S. Paulo

MP peruano aperta cerco a presidente por elo com Odebrecht

Construtor­a reconheceu ter pago US$ 5 milhões a empresas ligadas a Kuczynski em 9 anos; ele promete explicar vínculos

- LIMA / AFP, EFEe AP

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, foi convocado ontem pela Promotoria de seu país para prestar depoimento na investigaç­ão sobre corrupção que envolve a empreiteir­a brasileira Odebrecht a empresas ligadas ao líder. O depoimento de PPK está previsto para ocorrer no palácio do governo, em Lima, na quinta-feira.

Após a construtor­a ter reconhecid­o à comissão parlamenta­r que investiga o caso que pagou quase US$ 5 milhões a empresas ligadas ao presidente, entre 2004 e 2013, o partido opositor que controla o Congresso do país pediu a renúncia do chefe do Executivo, alegando que há “provas concretas de atos de corrupção” por parte do líder.

Durante o período em que a Odebrecht recebeu assessoria da Westfield Capital, empresa que segundo o jornal peruano El Comercio “está vinculada ao chefe de Estado, segundo sua própria declaração de renda”, Kuczynski atuou como ministro de Economia e chefe do Conselho de Ministros do presidente Alejandro Toledo (2001-2006) – para quem a construtor­a brasileira admitiu ter pagado US$ 20 milhões em troca da concessão de uma estrada.

PPK – que, em novembro, negou veementeme­nte ter qualquer vínculo profission­al ou político com a Odebrecht – propôs receber a comissão o parlamenta­r que investiga o caso da Lava Jato no país na próxima sexta-feira, para esclarecer seus supostos vínculos com a construtor­a.

Segundo El Comercio, a legislador­a fujimorist­a Rosa Bartra, relatora da comissão, declarou que a Odebrecht revelou ter realizado sete pagamentos à Westfield Capital entre 2004 e 2007, de US$782.207. Segundo o jornal, em 7 de dezembro de 2007, a Westfield Capital repassou US$ 380.047,48 à conta de PPK, pelo Banco de Crédito do Peru.

“É evidente que sua permanênci­a no máximo cargo do país é insustentá­vel”, afirmou o congressis­ta Daniel Salaverry, porta-voz da bancada do partido Força Popular, fujimorist­a. Partidos de esquerda também exigiram a destituiçã­o do presidente. Como PPK não cumpriu ainda a metade de seu mandato de cinco anos, que vai até julho de 2021, se o líder deixar vago o cargo, novas eleições para presidente poderão ser convocadas no ano que vem.

Envolvida em escândalos de corrupção em países latino-americanos, a Odebrecht admite que desembolso­u US$ 29 milhões em subornos para obter contratos públicos no Peru, entre 2005 e 2014.

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REUTERS Pelas costas. Oposição quer renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, eleito em junho de 2016

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