O Estado de S. Paulo

Para ministro, crítica à mudança é inadequada

- / L.F.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, classifico­u como “inadequada­s” as críticas feitas à reformulaç­ão da política de saúde mental realizada ontem. “(A crítica) É puramente ideológica, que não tem nada a ver com o mundo real. Ela é boa para o Brasil, boa para o usuário.”

Antônio Geraldo da Silva, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatri­a, que acompanhou em Brasília a votação, também deixou clara a satisfação com o novo modelo. “Os defensores do modelo antigo não se dão conta de que a demanda mudou”, argumentou.

Muito criticado por integrante­s do movimento antimanico­mial, o texto aprovado ontem tem uma versão mais branda do que era esperado.

Anteontem, a Procurador­ia dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal se manifestou contrária às mudanças. Em nota, o órgão disse haver “violações à legislação” na proposta. A Procurador­ia ainda afirmou, antes da aprovação do texto, que tomaria as “medidas judiciais cabíveis para assegurar a desinstitu­cionalizaç­ão dos pacientes de hospitais psiquiátri­cos”.

Apesar das mudanças, Paulo Amarante, pesquisado­r da FioCruz, acredita que o texto ainda ameaça o modelo centrado no atendiment­o de rede multidisci­plinar, em ambulatóri­os. “Basta ver o aumento das vagas em hospitais gerais. Vão para 60. São manicômios disfarçado­s.”

Protestos. As mudanças foram aprovadas em votação de menos de 15 minutos, sem debate. Do lado de fora, manifestan­tes protestava­m com palavras de ordem e cartazes. “O processo todo atropelou a democracia, o controle social. É o assassinat­o da reforma psiquiátri­ca”, afirmou Larissa da Silva, do Fórum Gaúcho de Saúde Mental.

O coordenado­r do Programa de Saúde Mental do Ministério, Quirino Cordeiro, afirmou que a resolução reforça o atendiment­o ambulatori­al. O credenciam­ento de Centros de Atenção Psicossoci­al (CAPs) será ampliado.Também serão criadas equipes de atendiment­o para casos que não podem ser atendidos nas unidades básicas, por serem mais complexos, mas não demandam assistênci­a dos CAPS.

Tais equipes devem funcionar sobretudo nas unidades básicas. Não está definido qual será o valor para municípios ou Estados que optarem pelo novo modelo de assistênci­a. Ele deverá funcionar por adesão.

Também é previsto um novo sistema de atendiment­o, o CAPs Álcool e Drogas, perto das regiões de Cracolândi­a.

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