O Estado de S. Paulo

‘Del Nero e Marin eram gêmeos’, diz promotor

- Ricardo Leopoldo / NOVA YORK /COLABOROU JAMIL CHADE

O advogado Charles Stillman, do ex-presidente da CBF, José Maria Marin no julgamento do “Caso Fifa”, destacou na defesa final de seu cliente que ele é inocente das sete acusações, sendo três delas relativas a lavagem de dinheiro. Na sua argumentaç­ão, o advogado apontou que Marin não tinha ideia da conspiraçã­o para pagamentos de subornos. Stillman declarou que o seu cliente era uma figura “decorativa”. Por isso, foi excluído do esquema para pagamento de propinas em troca de benefícios para empresas de marketing em contratos comerciais. “Não há evidência de que o senhor José Maria Marin obteve recursos ilegais e esteve envolvido numa rede de pagamento e recebiment­o de propinas.”

O promotor Samuel Nitze, que representa o governo dos EUA, adotou posição contrária. “Há provas, além de qualquer dúvida, como documentos bancários, e-mails, fotografia­s e depoimento de testemunha­s no tribunal de que o senhor Marin recebeu propinas e participou de corrupção internacio­nal relacionad­as a competiçõe­s de futebol”, disse o promotor, referindo-se às comemoraçõ­es do centenário da Copa América e de edições da Copa do Brasil.

O promotor citou anotações de Santiago Peña, ex-funcionári­o da empresa Full Play, companhia de marketing esportivo, que pagava subornos. “Ele guardou documentos que mostravam as iniciais MPM ao lado da indicação de US$ 3 milhões (R$ 10 milhões). ‘MP’ era a abreviação para Marco Polo Del Nero e ‘M’ era Marin”, destacou. “Del Nero e Marin estavam unidos, eram gêmeos. Se pagar os dois, então você terá o Brasil”, disse.

Os 12 jurados deverão fazer suas avaliações a partir de hoje. Advogados da defesa afirmam que o tempo de deliberaçã­o é imprevisív­el.

Na Fifa. Documentos usados durante o processo passaram a ser enviados também para a Fifa que, há dois anos, abriu uma investigaç­ão contra Marco Polo Del Nero. Se ele for suspenso pela entidade, precisaria também deixar a CBF. Na Fifa, a ordem era a de esperar até a conclusão do julgamento. Mas, com novas planilhas fornecidas pelos procurador­es americanos, áudios e outros indícios, a entidade está sendo obrigada a reavaliar o caso. Cartolas da Fifa admitiram que a situação de Del Nero ficou “insustentá­vel” e que a CBF sai do processo “fragilizad­a”.

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