‘Del Nero e Marin eram gêmeos’, diz promotor
O advogado Charles Stillman, do ex-presidente da CBF, José Maria Marin no julgamento do “Caso Fifa”, destacou na defesa final de seu cliente que ele é inocente das sete acusações, sendo três delas relativas a lavagem de dinheiro. Na sua argumentação, o advogado apontou que Marin não tinha ideia da conspiração para pagamentos de subornos. Stillman declarou que o seu cliente era uma figura “decorativa”. Por isso, foi excluído do esquema para pagamento de propinas em troca de benefícios para empresas de marketing em contratos comerciais. “Não há evidência de que o senhor José Maria Marin obteve recursos ilegais e esteve envolvido numa rede de pagamento e recebimento de propinas.”
O promotor Samuel Nitze, que representa o governo dos EUA, adotou posição contrária. “Há provas, além de qualquer dúvida, como documentos bancários, e-mails, fotografias e depoimento de testemunhas no tribunal de que o senhor Marin recebeu propinas e participou de corrupção internacional relacionadas a competições de futebol”, disse o promotor, referindo-se às comemorações do centenário da Copa América e de edições da Copa do Brasil.
O promotor citou anotações de Santiago Peña, ex-funcionário da empresa Full Play, companhia de marketing esportivo, que pagava subornos. “Ele guardou documentos que mostravam as iniciais MPM ao lado da indicação de US$ 3 milhões (R$ 10 milhões). ‘MP’ era a abreviação para Marco Polo Del Nero e ‘M’ era Marin”, destacou. “Del Nero e Marin estavam unidos, eram gêmeos. Se pagar os dois, então você terá o Brasil”, disse.
Os 12 jurados deverão fazer suas avaliações a partir de hoje. Advogados da defesa afirmam que o tempo de deliberação é imprevisível.
Na Fifa. Documentos usados durante o processo passaram a ser enviados também para a Fifa que, há dois anos, abriu uma investigação contra Marco Polo Del Nero. Se ele for suspenso pela entidade, precisaria também deixar a CBF. Na Fifa, a ordem era a de esperar até a conclusão do julgamento. Mas, com novas planilhas fornecidas pelos procuradores americanos, áudios e outros indícios, a entidade está sendo obrigada a reavaliar o caso. Cartolas da Fifa admitiram que a situação de Del Nero ficou “insustentável” e que a CBF sai do processo “fragilizada”.