O Estado de S. Paulo

Sem reforma, País crescerá menos em 2018, diz Fazenda

Estimativa é de que o PIB crescerá 2,85% sem Previdênci­a; com ela, alta seria de 3,30%

- Eduardo Rodrigues Fabrício de Castro / BRASÍLIA (COLABOROU DOUGLAS GAVRAS)

O impacto negativo da não aprovação da reforma da Previdênci­a é de 0,15 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, afirmou ontem o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. Pelas projeções oficiais, a economia deve crescer 3% no ano que vem (antes, a estimativa era expansão de 2%). Se as novas regras para se aposentar no País não forem aprovadas, o cresciment­o seria de 2,85%.

Com a aprovação da reforma, o impacto positivo é de 0,3 ponto porcentual – ou seja, o cresciment­o iria a 3,3%. “O mercado coloca que a probabilid­ade de aprovar a Previdênci­a neste governo é de um terço”, disse Kanczuk, citando cálculos do Ministério da Fazenda. “Se a Previdênci­a for aprovada, o choque positivo é mais forte do que o negativo, caso ela não seja aprovada”, afirmou.

Para este ano, a projeção oficial de cresciment­o do PIB foi elevada de 0,5% para 1,1%. O Orçamento do próximo ano, aprovado na quinta-feira pelo Congresso, já considerav­a uma alta de 2,5% no PIB no ano que vem. No Focus, boletim divulgado pelo Banco Central, os economista­s preveem um cresciment­o de 2,62% em 2018.

“Essa projeção está um pouco acima da média das estimativa­s dos analistas, mas achamos que é uma previsão bastante conservado­ra e sólida. Revisão é produtos de reformas, e já houve um aumento muito grande da confiança, do investimen­to e do consumo”, argumentou Meirelles. “Temos uma conjugação de fatores positivos.”

Expectativ­a. Para a economista-chefe da XP Investimen­tos, Zeina Latif, até a última quartafeir­a, quando o senador Romero Jucá (PMDB-RR) declarou que os presidente­s do Senado e da Câmara haviam feito um acordo para adiar a votação da reforma para o ano que vem, o mercado via uma janela de possibilid­ade de aprovação ainda este ano. Zeina não conta que a reforma seja aprovada em 2018.

“O governo tem mantido essa ‘cenoura’ para atrair o mercado, mas isso também é perigoso, porque o investidor vai se cansando. Se o governo não acredita na aprovação da reforma, é melhor não prometê-la.” Na avaliação do economista Mauro Schneider, da MCM, o que ainda pode jogar a favor da reforma é a consolidaç­ão da recuperaçã­o da economia. “Avançar nessa agenda de reformas é uma parte das melhoras.”

“Pior do que não passar em 2018 é não passar nem em 2019. Seria mortal para a evolução da economia. O impacto maior no ano que vem viria dos preços de ativos, que ficariam mais voláteis, e com as agências de classifica­ção de risco baixando a nota do Brasil. Se eu estivesse nas agências, baixaria duas notas, para sinalizar o que significa não mudar a Previdênci­a”, diz Sergio Vale, da MB Associados.

Vale lembra que a não aprovação do texto compromete­ria a estrutura de gastos públicos. “É uma pena que os congressis­tas ainda não entenderam que não é uma questão eleitoral. É um tiro de metralhado­ra no pé.”

Confirmada ou não a perspectiv­a de um cresciment­o menor do País no ano que vem, caso a reforma não seja aprovada, 2018 será um ano de forte oscilação na Bolsa, avalia Thiago Xavier, da Tendências Consultori­a. “O ano deve ser de turbulênci­a, tanto pela eleição quanto pelo adiamento da reforma. A medida em que o ciclo eleitoral se aproxima, mais difícil fica.”

Projeção

O Orçamento de 2018, aprovado na quinta-feira, já considerav­a uma alta de 2,5% no PIB no ano que vem.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Cenário. Para Meirelles, projeção para o PIB é ‘conservado­ra e sólida’

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